É conhecida a estória do inglês, e imagino que seja mesmo estória, que viajou para o Brasil. De volta à Inglaterra, os amigos curiosos lhe perguntaram o que achou do país e ele respondeu:

- “O Brasil é um país interessante; tem muitas leis que ninguém cumpre e no final dá tudo certo”.

Será que é assim?

Tem tudo a ver a estória do viajante inglês e isso é o ruim da história, porque nos reduz a um bando de idiotas que criam leis para não serem cumpridas.

O pior de tudo é que, na prática, a sociedade vê – e alguns fingem não vê; a sociedade sofre – e finge não sofrer; e a sociedade só reage quando é vítima.

Vive-se naquela de que pimenta nos olhos dos outros é refresco, daí a sociedade brasileira e alagoana não reage à impunidade – que é a mãe da violência.

Falar no combate à violência, antes de acabar com a impunidade, é o mesmo que tentar cortar o vento.

Nos últimos trinta dias a impunidade matou um garçom na Avenida Leste-Oeste e na passagem do Ano Novo a impunidade matou outro em Viçosa.

As vítimas são vítimas contumazes – aquelas que desejam sempre resolver um problema conversando; e os criminosos são criminosos contumazes – aqueles que matam porque alguma autoridade lhe dá cobertura.

Vamos punir então essa autoridade – que é o embrião da impunidade.

E vamos também reagir sem que seja necessário conhecer a violência ou o crime à porta, como tem sido comum na base do “se mexeram com você, comigo não mexeram não”.

Lembrem-se de que, além da autoridade que protege os bandidos, a sua omissão contribui e muito para a impunidade.

E, no final, a autoridade protetora de bandidos e você, com a sua omissão e individualismo mesquinho, têm ajudado a matar inocentes.

E a proteger bandidos.

Abaixo a impunidade ou saia da frente que uma bala vem atrás. Tal qual o poeta da Paraíba:

Bala,bala,bala,bala

Tem uma bala no meu corpo

Bala,bala,bala,bala

Só não é bala de côco.