Parece uma notícia surpreendente, mas é só a leitura honesta dos dados do último censo do IBGE. A quantidade de brancos entre os pobres supera a de negros. A maioria é formada por pardos. Isso significa que a matéria também poderia ter como título: “Há mais brancos pobres do que negros pobres no Brasil”.

No Brasil, são 16.267.197 de pobres. Desses, 4.250.418 são brancos, 1.456.915 são pretos, 178.853 são amarelos, 10.054.586 são pardos e 326.386 39 são indígenas.

Esses são os dados reais. Mas o que vemos na imprensa? Vemos a vergonhosa falsificação de dados baseada na ideia de pureza da raça branca. Eles pegam o número de partos, somam com o de pretos e chamam todos de “negros”, numa abordagem canalha que tenta dividir o país entre brancos e pretos.

A reportagem da Folha on line sobre esses dados que relacionam a pobreza e a questão racial traz uma abordagem canalha desses dados. Apoiada na ideologia racialista, a matéria apresenta a ideia de que “pretos” e “pardos” têm que ser tratados em conjunto e sempre relacionados com os “brancos”. Vejam o título da matéria em que colhi esses dados:

“Número de pobres pardos ou pretos é quase o triplo do de brancos”

E no corpo da matéria podemos ler:

“De acordo com os dados, 4,2 milhões dos brasileiros pobres se declararam brancos e 11,5 milhões pardos ou pretos --isso significa que o número de pobres pardos ou pretos é 2,7 vezes o número de brancos”.

A abordagem da matéria falsifica a realidade brasileira, pois sustenta o mito de que existem duas raças. Para isso, perceba que ela esconde o número de pardos entre os pobres! Qual o receio? Mostrar que os “pretos” não são maioria entre os pobres. Seria uma notícia muito feia. Talvez até politicamente incorreta. Tive que procurar numa quadro (presente na matéria) o número de pardos pobres para ver que formavam a imensa maioria. E ali mesmo tive a informação de que há mais brancos pobres do que pretos, indígenas e amarelos pobres somados!

Pensem numa matéria com o seguinte título: “Negros, índios e amarelos são minoria entre os pobres no Brasil”.

Estaria mentindo? Claro que não! Mas isso não agrada os racialistas. Eles teimam em pensar o Brasil de duas cores. Manipulações desse tipo são comuns na imprensa brasileira. Vejam essa outra matéria também da Folha on line:

“Negros são maioria em 56,8% dos municípios, mostra estudo”

Agora vejam o corpo da matéria:

“O número de municípios onde os domicílios tinham maioria de pretos e pardos aumentou 7,6 pontos percentuais entre 2000 e 2010, passando de 49,2% para 56,8%. A constatação faz parte do Mapa da População Preta & Parda no Brasil segundo os Indicadores do Censo de 2010, divulgado nesta segunda-feira”.

Amigos, estamos diante da mais escandalosa falsificação!

Pardos agora são negros? Não existem mestiços no Brasil?

Racialistas precisam mentir para que suas teorias façam sentido num país miscigenado como o Brasil. Precisam esconder os mestiços e, para isso, usam o artifício de considerar a raça branca como sendo “pura”. Se eu tenho qualquer nível de mestiçagem e me considero pardo, não posso ser branco, tenho que ser negro!

É a regra da gota de sangue única, usada nos EUA para caracterizar quem era negro e quem era branco. Qualquer gota de sangue negro, tornava o indivíduo um negro. Assim, a segregação era juridicamente criteriosa. Aqui no Brasil, os ideólogos racialistas fazem o mesmo atualmente. Como nosso país é miscigenado e desenvolveu sua nacionalidade com a ajuda do mito da mistura das três raças, todo o trabalho dos racialistas se baseia em destruir essa imagem e esconder os mestiços.

Ao unir “pardos” a “pretos” e chamá-los todos de “negros”, os ideólogos racialistas e seus prosélitos na imprensa fazem um jogo sujo de mentiras e manipulação de dados. Na verdade, eles mentem de forma descarada. Com isso, justificam suas políticas baseadas em critérios raciais.

A questão da pobreza não é racial! E isso fica muito claro quando examinamos o fato de que a maioria dos pobre se declara “parda”, ou seja, sem identificação com raça nenhuma. Quem mais sofre com essa manipulação de dados é a nossa democracia e a igualdade de oportunidades. Um branco pobre, para um racialista, não merece apoio do Estado. Por isso eles têm que aparecer como minoria. E para tanto, é preciso sumir com os mestiços, que também terminam ficando sem cotas...

Coitado do branco pobre. Sem grana e sem ONG...