Entendo que o senhor governador esteja acuado e descontente com a situação de insegurança e terrorismo em Maceió.
Também estamos todos nós e nisso nos solidarizamos.
Também já disse aqui no blog que é preciso fazer justiça e reconhecer que a violência de hoje é fruto de anos de desgoverno e que as prefeituras, em especial a de Maceió, esquivam-se de suas responsabilidades no quesito segurança pública.
A explosão de criminalidade em Alagoas é fenômeno com raízes antigas, sobretudo calcado nos desníveis sociais que fazem de nossa sociedade uma das mais injustas e menos desenvolvidas do Brasil.
Mas é claro que está havendo um superdimensionamento na imagem do arrastão em Maceió. Nisto o governador tem razão.
No domingo mesmo, os relatos foram, alguns deles, estapafúrdios.
Se dependesse da boataria, Maceió seria o Rio de Janeiro em 1992. Para quem não se lembra, ai vai a representação da barbárie do legítimo arrastão carioca (caso o vídeo não abra em seu navegador, clique aqui e assista):
Mas a sabedoria popular nos ensina e nos alerta que o pior cego é o que não quer ver.
Ao mesmo tempo, dizer que tudo não passa de mera boataria é recauchutar clichês como o “é tudo intriga da oposição” dito por políticos corruptos pegos com “batom na cueca”, ou o “não é nada disso que você está pensando” dito por maridos infiéis pegos sem cueca, literalmente.
Ou aquele bom e velho “é tudo culpa da imprensa”.
O momento é grave. Não é de birra, nem de açoite.
Senhor governador, compreendemos e temos dimensão da gravidade do estado de insegurança que nossa Alagoas alcançou.
Visualizamos certa histeria coletiva e certa hipérbole de alguns dos relatos que pipocaram no imaginário deste domingo pré-Natal.
E foram vários. Eu escutei verdadeiras fábulas de selvageria que narravam fatos inexistentes como arrastão na C&A do Centro com 3 mortos, invasão do Palato na Ponta Verde, uma horda ensandecida de meliantes no Shopping Maceió ou bandidos em massa em bares da orla de Pajuçara a Jatiúca.
Nada disso aconteceu!
Agora a negativa pura é a pior das cortinas de fumaça que se pode lançar diante de realidades indesejadas, voluntária ou involuntariamente, desde que visíveis a olho nu.
Antes de tudo é necessário ter a grandeza e o pulso firme para mostrar que há comando e força na contenção da violência que nos aterroriza não por arrastões reais ou imaginários, mas por banditismo cotidiano no estado que detém os piores índices de homicídio do país.
O Rio de Janeiro cometeu este erro décadas atrás. A violência na Cidade Maravilhosa era coisa de “favelado”, isolada...
Foi preciso um carnaval de imagens grotescas para sucessivas gestões acordarem e só a atual adotar um modelo que, parece, vem trazendo algum resultado (por mais que haja crítica de setores da sociedade civil e relatos de truculência dos moradores das comunidades ocupadas).
Não queiramos reviver aqui este memorial de selvageria, este cinema de atrocidades.
E acreditamos que, felizmente, não chegamos a este ponto. Pelo menos ainda.
Conte com todos os alagoanos neste esforço cidadão.
Nosso inimigo neste momento não é o senhor, tenha certeza disso!
Nossos inimigos são os vultos de criminosos que estão concreta ou imaginariamente queimando ônibus, cometendo onda de micro assaltos e desestabilizando nossas festas de fim de ano.
Ou que estão em carne e osso traficando, matando e roubando em cada esquina, o ano todo, há muitos anos.
Rompamos com os clichês senhor governador. Ainda está em tempo!
Esperamos isso do senhor e dos demais. E ainda cremos que isto é possível.
No mínimo.
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