É claro que os dados do Mapa da Violência 2012 são vergonhosos e o fato de Alagoas ser o estado mais violento do Brasil é digno de assombro.
Façamos justiça: se o governo atual peca em suas ações globais de combate à criminalidade – que não podem se resumir à polícia na rua e devem englobar educação, saúde, emprego, cultura e assistência social – os antecessores da atual gestão também falharam no quesito minimização da violência.
Ressalte-se que a omissão das prefeituras neste debate deve ser destacada, em especial a de Maceió.
Mas o problema não é somente de governos e governantes e somente responsabilizá-los não diminui o abismo em que caímos.
A verdade é que, infelizmente, além de líderes em homicídios alcançamos o pior dos níveis de degradação que a insegurança pública pode proporcionar: o da insensibilidade coletiva.
Diante dos dados do Mapa da Violência 2012 algumas vozes de crítica foram ouvidas... e só!
Nada mais que isso!
Mas só isso não resolve a questão. E mais que lamentar, reclamar e criticar saudavelmente as gestões públicas indignas que há anos gerenciam Alagoas, precisamos de debates, propostas, e ações...
O Conselho de Segurança realiza um trabalho vital e deve ser estimulado. Mas só a atuação do Conselho não basta!
Precisamos de muito mais.
Precisamos mais do que tudo minar a insensibilidade que nos tomou conta, a indiferença que nos assola, a impassividade que nos aprisiona e nos impede de agir.
Sabemos que realizar concurso público para nossas polícias e aumentar o efetivo é um dos caminhos. Nosso contingente policial é escasso e trabalha em condições adversas, além de desmotivado.
Outro ponto crucial é cuidar da imensa juventude ociosa e sem perspectiva que perambula por nossos bairros, em Maceió e nas cidades do interior. São rapazes e moças que, sem opções, fazem do ditado “cabeça vazia, oficina do Diabo” a mais triste realidade.
E ainda é indispensável tratar as políticas de ações no campo do combate à violência com estratégias integradas. Cada ônibus incendiado em Maceió reflete não somente a falta de policiamento. Indica uma insatisfação e uma vingança criminosa causada por um coletivo de infortúnios.
Sem transporte, sem emprego, sem saúde, sem escola, sem lazer... resta o que para nossa população? Certamente, o vazio de horizontes. E neste contexto, os mais fracos se corromperão e partirão para o mundo do crime.
Por fim uma sugestão de percurso inicial, que é o caminho da não quietude, do inconformismo, da não aceitação deste status quo que se faz eternamente contemporâneo.
Aceitar como “natural” e insolúvel o genocídio que impera em nossas ruas, vilas e grotas é assinar atestado de incompetência generalizada.
É ser cúmplice dos gestores indignos que nos governaram e nos governam.
É ser meio assassino da esperança que teima em se fazer viva, embora por vezes seja quase mais uma das nossas vítimas de homicídio.
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