Hoje não criticarei nada, nem ninguém.

Não comentarei sobre o caos do transito maceioense ou sobre a inércia da gestão municipal frente aos problemas de nossa cidade.

Também não tratarei da constante insegurança pública que nos assola e nos amedronta, muito menos do escandaloso corte de energia ocorrido no domingo nas cidades que foram alvo da matéria do Fantástico.

Queria pedir ao leitor deste blog que me permita falar de algo que me tem rodeado e me ocupado no ultimo mês.

Queria falar de saudade.

Estou na Itália para uma palestra aos amigos da Universidade de Pavia, juntamente com o ex-ministro da Corte Suprema Italiana Giuliano Turone.

Cheguei aqui depois de incansáveis discussões na XXI Conferência Nacional dos Advogados, realizada em Curitiba, e depois de ter conseguido qualificar minha  tese doutoral na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife.

Além do trabalho constante do escritório que nestes meses se avoluma pelas incansáveis incursões que fazemos a fim de que nossos constituintes possam também estar com suas famílias no período natalino.

Não é fácil.

Aliás nada é fácil.

Parto sempre do pressuposto de que tudo é um desafio constante e intransigente.

E que precisamos debelá-los.

Hoje aqui perto de zero grau e com muita neblina, entre um café e um espirro, volto o pensamento e o coração àqueles que sempre estão a me perdoar pelas incessantes tarefas que costumo assumir: minha mulher e meus filhos.

Talvez aqui seja um pedido de perdão público a todos eles.

Talvez seja um pedido de socorro.

Ainda não consegui definir.

Mas me pus a escrever para comungar também com o leitor algo de minha intimidade, e ainda não sei bem o porquê esteja aqui trazendo o meu lado mais vulnerável.

Mas só sei que devo fazê-lo.

E farei.

Alguns me tomam por intempestivo e impetuoso. Outros por arrogante e antipático. Alguns ainda não gostam da minha função de advogado criminalista e, por isso, me criticam sem até me conhecer.

Muitos ao me conhecerem na sala de aula me acham extrovertido e alegre.

Assim, num caleidoscópio de opiniões, vão me desvendando sem pedir licença para elogiar, criticar ou denegrir.

Entendo tudo isso, e aceito de bom grado.

Agradar a todos nunca foi meu objetivo e  não o será.

Enfrento essa tarefa em um torneio sentimental que se resolve quase sempre com um sorriso sincero aos elogios e às criticas, das mais ferozes, inclusive.

Mas é como pai e marido que a dor da distância ultimamente tem me feito errante.

Embora me soerga para estar com todos eles sempre, penso que muito mais poderia fazer.

A equação que tenho que solucionar é a que me coloca entre os afazeres das funções de advogado, professor, Conselheiro Federal da OAB, doutorando em paradas européias e a de marido e pai, títulos que reputo muito mais importantes que qualquer outro.

Sim, sou o pai do Lucas, da Bia, da Tyla e da minha flor de "Liz" (a minha Catatau). E sou o marido da Taysa. Estes são os títulos que mais me orgulham em apresentar aos meus amigos e àqueles que convivem comigo o dia-a-dia.

Talvez eles não saibam, e eu tenha sido incompetente em dizer, mas aqui fica expresso o que isso hoje significa.

A saudade hoje me diploma por conta de não estar ali ao lado de cada um. Mas me avisa que qualquer que seja a conquista, qualquer que seja a vitória ou a derrota, são eles que estarão ali a me esperar, a me aguardar, com o mesmo sorriso e alegria, com a mesma compreensão e com o mesmo incentivo.

Não me canso de pedir perdão pelas ausências, mas temo que um dia, como no dizer do poetinha Vinicius, "o perdão também canse de perdoar".

Saudade, inexplicável e constante, aqui estou eu recebendo mais uma lição de sua presença.

Presença intransigente na trajetória errante que me leva para muito além do merecimento, para muito além do inexplicável.

 

 

 

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