Brasília – Durante uma parte da minha vida, que felizmente não durou muito, eu acreditei que o capitalismo estava no fim.
Foi na fase em que Karl Marx era o guru e “O Capital” a Bíblia sagrada que se contrapunha à Sagrada Bíblia.
Quanta besteira a gente dizia; em quantas besteiras pensávamos. A onda era o comunismo e o socialismo e todos nós acreditávamos que fossem exequíveis.
Como éramos tolos...
O comunismo só existiu primitivamente e pensar que poderia ser reimplantado é a mesma coisa que desejar – e lutar – novamentepela volta da máquina de datilografia no lugar do computador.
Vimos depois que parte das ideais de Marx tinham – e tem – dois sentidos: o que é bom não é dele e o que é dele é humanamente impossível de ser aplicada.
Mas, sem dúvida que o maior erro, porquanto beira a burrice, é dividir o capital. Em tempo: não confundir capital da geografia com o capital da economia. Na economia, capital é tudo aquilo que o ser humano utiliza para produzir.
A caneta, por exemplo, é o capital do escrevente; o isqueiro é o capital do fumante; o dinheiro é o capital do banqueiro, o sapato, a meia, a roupa, etc., são os capitais de quem os usam.
Pois bem; a divisão do capital em fixo e variável é uma burrice, porque todo capital é variável, uma vez que nada é eterno.
A enxada, que é o capital do agricultor, mesmo de ferro se deprecia; o machado, que é o capital do lenhador, idem.
Assim, estupefato, eu leio artigos e ouço discursos de pessoas que tenho na conta de inteligentes – e realmente o são – falando sobre “acumulação de capital” como se isto fosse pecado.
Pecado, é não acumular capital porque o capitalismo é indestrutível. Aliás, a diferença do capitalismo para o socialismo é que o capitalismo enverga, mas não quebra; o socialismo quebra sem envergar.
Manter o discurso de acumulação de capital remete-me àquela época pretérita quando, além de jovem que amava (ainda amo) os Beatles e os Rolling Stone, a gente acreditava no sonho socialista da igualdade.
Éramos tolos.
A União Soviética desmoronou e descobrimos que a “cortina de ferro” era na verdade de papel marchê. Cuba está se tornando capitalista – pense na sacanagem – e o governo cubano está colocando no olho da rua 500 mil funcionários públicos – que terão de se virar por conta própria numa ilha sem capital.
( Por favor, não confundir com Havana)
O capitalismo só vai acabar quando não existir mais o capital e isto só será possível quando o sargento Garcia prender o Zorro.
Daí, viver num regime capitalista e discursar contra a acumulação de capital é puro oportunismo. É a mesma coisa que defender a substituição do computador pela máquina de escrever – ainda que nos bata uma saudade monstra do teco-teco da Remington e da Olivette.
Gente! Quem não acumula capital se afoga em dívidas. Socialismo só existiu antes de o homem inventar o dinheiro - que também é capital - mas, depois disso, jamais existirá. Ou seja: é conversa de intelectual para enganar os otários.