Brasília – Diz-se que o ser humano nunca esquece onde deixou o umbigo e por mais que me envolva aqui em outro cenário, e me sinta muitíssimo bem como cidadão e profissional, não deixo de pensar nas origens – em Alagoas está meu cordão umbilical, parte da minha história, minha família e os meus mortos e vivos queridos.
Acompanho, pois, muito preocupado, a discussão sobre a violência que atinge o Estado. Embora a violência tenha caráter nacional – aqui em Brasília não é diferente – em Alagoas há de se entender que em parte se trata de uma violência anunciada.
Por exemplo: a “hospedagem” concedida a Fernandinho Beira-Mar, que muitos se posicionaram contrários, e com razão, porquanto Alagoas não dispunha – nem dispõe até hoje – de estrutura carcerária adequada.
Mas, mesmo assim, “hospedamos” o Fernandinho Beira-Mar por duas vezes e ainda lhe tratamos os dentes no consultório odontológico localizado em frente à sede da Polícia Federal, para onde o “paciente” ia e vinha como cidadão comum.
Quem pagou a conta do dentista? Não sei; só sei que foi assim.
Depois da passagem de Fernandinho Beira-Mar como “hóspede vip” do Estado de Alagoas tudo desandou; o que era ruim ficou pior e a tendência é piorar ainda mais porque as consequências negativas da presença dele no Estado são incomensuráveis.
Depois dele veio o Severo – que foi assassinado como queima de arquivo dentro de uma cela de uma delegacia em São Paulo; e sabe-se agora que vieram o Nem e o Coelho, líderes do tráfico de drogas, de armas e outros ilícitos na Rocinha.
Lembro-me de um amigo delegado da Polícia Civil, ao me sugerir uma pauta. Disse-me o delegado, mandando-me que apurasse a informação, de que uma carreta marca Volvo que tombou na BR 101 em Novo Lino estava registrada no nome de uma transportadora que pertence a irmã de Fernandinho Beira-Mar.
O delegado soube da informação, mas obviamente nada poderia fazer porque se tratava de um acidente automobilístico numa rodovia federal onde a polícia estadual não pode atuar.
E era verdade, mas abafaram o caso.
Ao saber dos “discursos” feitos hoje por quem, na época, se omitiu; ao ver se questionar o governo atual eu concluo que a violência em Alagoas é também culpa do cinismo. É como se quisessem que nós esquecêssemos a irresponsabilidade anterior, pois todos sabiam que a única coisa que Alagoas poderia ganhar “hospedando” Fernandinho Beira-Mar é isto o que estamos assistindo atônitos agora.
Que tal alguém na Assembléia Legislativa propor o título de "Cidadão Honorário de Alagoas" para Fernandinho Beira-Mar, pelo “benefício” de ter presenteado o Estado com o Nem, o Coelho e mais drogas?