Brasília – A notícia de que os traficantes cariocas estão migrando para o Nordeste já é conhecida por aqui há tempo.

O Nordeste virou o destino dos criminosos de várias modalidades e nacionalidades, de modo que a atenção deve estar voltada também para investidores estrangeiros – ainda que não se deva generalizar.

Também não se deve analisar o traficante apenas pelo crime das drogas, porque a atividade criminosa que exercem é um leque de “oportunidades” de faturamento que abrange o comércio ilegal de armas, de carros importados e de lavagem de dinheiro – e, nesse particular, o setor imobiliário é o mais seguro para se tornar lícito o que é ilícito.

Mas, é errado pensar que essa fuga do crime para o Nordeste se dá exclusivamente como consequência das ações da polícia nos morros cariocas.

Lembram-se da traficante conhecida como Branca, que conseguiu autorização para cumprir pena em Atalaia, onde sequer existe cadeia pública?

E o Severo, preso numa casa de veraneio na Praia do Francês?

Pois bem, esses exemplos são de muitos anos atrás; são do tempo em que a polícia ainda não havia subido – nem sequer imaginava subir – os morros cariocas.

O caso do Severo é ainda mais contundente; Severo só foi descoberto na Praia do Francês porque o filho dele, numa malograda tentativa de assaltar um banco em Sergipe, tentou escapar da polícia sergipana homiziando-se na casa do pai – que até então era um pacato cidadão morador da Praia do Francês.

Em entrevista à imprensa alagoana, Severo confessou sua atividade criminosa, pediu apenas para preservar a esposa dele e se comprometeu a desvendar o assassinato do prefeito de Santo André-SP, Celso Daniel.

Interessante e intrigante é que Severo foi levado para São Paulo e assassinado dentro da cela, às vistas da sua advogada, sem que a polícia paulista pudesse ouvi-lo contar o que sabia sobre a criminalidade.

Não pensem, pois, que o Nordeste virou destino desses criminosos este ano. Faz tempo, ó, que o crime veraneia em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Bahia.

PS - Ou será que já esqueceram que Alagoas "hospedou" por duas vezes Fernandinho Beira-Mar? Ou será que alguém acreditou que, "hospedando" Fernandinho Beira-Mar, Alagoas não iria sofrer com as seqüelas?