Brasília – São 122 anos de uma República proclamada por monarquistas preocupados em perder regalias num novo regime. Mas, o pior é que a República não foi proclamada no dia 15 de novembro, mas na tarde do dia 16.
Explicando:
O marechal Deodoro, que tudo devia a Pedro II, não queria apeá-lo do poder; na verdade, Deodoro queria apenas tirar o Visconde de Ouro Preto da chefia do Ministério, porque espalharam o boato de que Ouro Preto ia acabar com o Exército e investir maciçamente na Marinha – que, aliás, é a arma de todos os reis.
Isto porque, na Guerra do Paraguai, as batalhas decisivas foram navais e o Brasil sentiu que precisava fortalecer a sua Armada.
Deodoro saiu na manhã do dia 15 até a Vila Militar e, depois de dar um “viva” para o Imperador, tomou conta da situação e assumiu o controle do golpe. Isto, uma semana depois de ter instruído os comandantes militares a reagirem contra o ideal republicano sustentando que “ruim com ela (Monarquia), pior sem ela (Monarquia).
E por que Deodoro mudou de ideia?
Explicando:
O marechal Deodoro não queria Ouro Preto na chefia do Ministério e esperou até o dia 16 pelo substituto. Mas, não gostou quando soube que Pedro II tinha indicado o gaúcho Silveira Martins (foto) para substituir Ouro Preto.
Deodoro tinha uma rixa antiga com Silveira Martins, mais precisamente, uma “dor-de-cotovelo” incurável. Deodoro foi presidente (hoje governador) da Província do Rio Grande do Sul e se apaixonou pela Baronesa de Triunfo – que preferiu Silveira Martins para amante.
Deodoro não perdoou.
Quer dizer então que a República brasileira nasceu de uma dor-de-cotovelo? É verdade. Não foram os republicanos que proclamaram a República.
Mas, eu não sei o motivo de terem embarcado Pedro II para o exílio num navio chamado Alagoas. Só sei que o imperador tirou uma onda com seus algozes, quando viu que estava embarcando num navio chamado Alagoas – além de ter sido expulso por um alagoano a quem protegeu e ajudou exaustivamente.
Traído pelo alagoano Deodoro, o imperador tirou a onda:
- Já que estão me levando para Alagoas, então me deixem em Penedo.
Os covardes ouviram calados, cabisbaixos, enquanto Pedro II, um dos homens mais cultos e a quem o Brasil deve ainda hoje a Ciência, as artes, a imprensa, a comunicação, partiu para nunca mais. O neto, Pedro Augusto, não se recuperou do trauma de ver o avô humilhado e enloqueceu.
Gente! Sabe o que eu acho? Eu acho que Alagoas paga até hoje o preço da covardia. É ou não?
Viva pois, o imperador Pedro II, porque Floriano Peixoto também não foi correto com ele. Encarregado da segurança do Império, Floriano Peixoto dizia a Pedro II que "estava tudo sob controle" quando sabia que não estava. Pedro II confiou no "Marechal de Ferro" e dançou.
PS – Meu amigo Ronaldo Brito se foi. Amigo de infância e do Grupo Escolar Cincinato Pinto; amigo dos jogos de futebol no Campo do Aterro – que ainda existe –no Bairro do Bom Parto, do Rener do “Ciço Cabeção” e do Alagoano, o time do Bom Parto que tinha as mesmas cores do Flamengo e que ajudei a fundar junto com o Carlos e o Zé Binga. O Ronaldo Brito se notabilizou como quarto-zagueiro do CRB e essa posição foi inventada para ele pelo saudoso “Pai Manu”, dono do Arsenal, da Ponta Grossa, que queria manter no time o meia Marco Antônio (hoje médico cardiologista, articulista de O Jornal e soube que vive hoje na Suécia). O Ronaldo jogava no meio-campo do Alagoano, fazendo o triângulo com o Zé Luiz (volante, que hoje mora em Palmares-PE) e o Pituca (meia-esquerda, que hoje mora em São Paulo). Da turma, o Ronaldo Brito foi o primeiro a comprar um carro – um fusquinha azul 1200, com som, onde a gente ouvia os Novos Baianos cantarem Preta Pretinha, a música que ele gostava. Vai com Deus Ronaldo, porque se você fosse da geração atual já estaria jogando fora do país. Você, o Zé Luiz e o Pituca.