O turismo LGBT vem ganhando espaço em Estados como o Rio de Janeiro e São Paulo, contando com mão de obra qualificada para atender a demanda, que geralmente é de pessoas que não têm filhos, costumam viajar nas férias e têm um poder aquisitivo considerado alto, por ocuparem posições de destaque no mercado de trabalho.

Em alagoas, um treinamento realizado no Centro de Convenções pela Secretaria Estadual de Turismo (Setur) e o Maceió Convention, na semana passada visou posicionar o Estado, a nível de Nordeste, como um dos destinos mais procurados por esse público, oferecendo um atendimento diferenciado.

O trade turístico aposta no Reveillon Pride, que será realizado na capital alagoana, como o início de um novo momento para o setor. A capacitação foi gratuita e feita pela Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat), segundo o diretor de marketing da Setur, Renato Lobo.

“Começamos a trabalhar de forma estratégica, baseados em levantamentos nacionais e internacionais que mostram que o turismo tem seus segmentos. Em julho, participamos de uma rodada de negócios e sete operadoras LGBT se interessaram pelo destino. O setor hoteleiro e de bares e restaurantes se interessou e quer se qualificar”, afirmou.

Ele ressaltou que o público LGBT, que em sua maioria virá de outros Estados para participar do Reveillon, que terá como atração a cantora Preta Gil, vai ser recebido com qualidade. “O treinamento vai culminar no Reveillon. Queremos criar um portfólio para divulgar Alagoas entre esse segmento, já que Bahia e Pernambuco estão focados nisso”, disse.


Sem homofobia


Depois de um fim de semana no qual se realizou a 11ª Parada do Orgulho LGBT de Maceió, , o consultor da ONG Pró-vida e assessor técnico da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, Dino Alves lembrou que vem discutindo, há três anos, a produção de uma cartilha voltada para o turismo LGBT.

Alves lembrou que já foi vítima de homofobia em um hotel de Maceió e teve que solicitar o cumprimento da lei municipal criada em 1997, que prevê sanções a estabelecimentos comerciais que discriminarem homossexuais e que para ele continua sendo desrespeitada.

“Tive um problema de falta de energia na minha casa e fui a um hotel com meu namorado. Lá, disseram que não poderíamos pagar por um quarto de casal. Depois de muito reclamar, conseguimos um quarto. Os estabelecimentos não estão preparados para receber os homossexuais, mas quando a secretária de turismo, Daniele Novis era adjunta, o assunto já vinha sendo discutido”, explicou.

Ele classificou a qualificação do trade turístico como algo importante para conquistar o público LGBT. “Esse é um público que consome muito, o que é importante para a economia. É um avanço, para que a legislação seja cumprida. Todos têm o mesmo direito, por isso, vamos continuar defendendo os interesses do movimento”, ressaltou.