Recentemente, vimos nos jornais os dois caminhos que pode seguir o movimento estudantil. De um lado, a radicalização violenta dos extremistas da USP. De outro, a vitória de uma chapa declaradamente conservadora (não-esquerdista) surpreendeu o meio acadêmico na UNB. O que isso significa?
Significa que o movimento estudantil vive, hoje, uma situação bastante inusitada. Se vocês, amigos, não sabem, boa parte do movimento estudantil atualmente vive para dar espaço a partidos políticos. Aqueles alinhados com o governo federal vivaram meros esbirros do governo. A UNE hoje serve somente de burocracia partidária e propaganda do PT e PC do B. Enche os bolsos de dinheiro oriundo das carteirinhas de estudante e de convênios com o governo. Protesto? Só se for a favor.
A oposição, todavia, não vem da direita. Vem da extrema-esquerda. Aí há de tudo. PSTU, PSOL e tudo aquilo que representa o progresso no Século XIX. Eles, com razão, denunciam o peleguismo da UNE, mas propõem algo ainda muito distante das reais necessidades e problemas da Universidade.
Vocês estão acompanhando a baderna na USP. Um grupo de estudantes invadiu a Faculdade de Filosofia e, depois, a Reitoria. Querem que a PM de São Paulo seja proibida de entrar no campus. É isso mesmo que vocês leram. Um grupo de estudantes está revoltado por causa da presença da polícia!
Na UFAL, já vivemos dias assim. Alunos decidem em assembleia ser contra a greve, mas uma minoria invade a Reitoria. Os órgãos universitários deliberam pelo Reuni, mas um grupo discorda e invade uma reunião oficial. Odeiam o capitalismo, mas sobretudo, odeiam a democracia.
É o caso de repensar a atitude tolerante das autoridades universitárias com esses movimentos. Está na hora de o povo saber quanto a Universidade gasta e como esses alunos estão dispostos a usar esses recursos.
Já está na hora de rever alguns conceitos. Esse papo de que movimento estudantil é inimputável já não serve mais. Baderneiro que se esconde atrás do número de matrícula tem que ser punido, sim! Quem disse que estudante pode sair por aí fazendo baderna? Seja para defender o socialismo ou para pedir diminuição dos preços de passagem, estudantes não podem afrontar a lei.
Não estou falando de colocar a polícia para bater na meninada. Estou falando em recorrer à Justiça toda vez que ocorrer uma invasão. Estou falando em punir aqueles que causem dano ao patrimônio público. Estou falando na lei. Para mim, é apenas isso que baderneiros merecem. A lei.
E o que aconteceu na UNB? A chapa que prometeu lutar pelas reais e concretas necessidades dos estudantes ganhou. Se isso é ser de direita, ótimo! Defender parcerias público-privadas na universidade pública é ser direitista? Ótimo! Defender menos burocracia e mais cobrança de produtividade dos professores é ser de direita? Ótimo!
O fato é que, envolvidos em disputas partidárias e em teorias utópicas, o movimento estudantil parou no tempo e esqueceu os estudantes. Os poucos estudantes que lutam pelos pleitos reais dos alunos são chamados de alienados ou “de direita”. Eu entendo a dificuldade daqueles que legitimamente querem participar de um centro acadêmico. Eu mesmo já fiz parte disso. Na primeira reunião desses encontros, a discussão, que era sobre assistência judiciária, virou apenas um monte de críticas ao governo FHC. Desisti.
Isso acontece com muita gente boa. Vejo muita gente boa e inteligente que, apesar de suas crenças políticas, tentam, antes de tudo, encontrar soluções importantes para o dia a dia dos estudantes das universidades públicas. Tentam furar a burocracia para fazer a universidade andar. Desde obras paralisadas até falta de professores. Quando os estudantes vão atrás, a coisa tende a melhorar.
Se o movimento estudantil que fazer política, faça. Mas não abandone os estudantes em nome da paz mundial ou do comunismo. É o caso de o movimento estudantil, de esquerda ou de direita, pensar mais nos alunos. Foi esse pensamento que venceu na UNB.