Brasília – Crie uma ONG, invente aí um nome e escolha uma área onde se pode arrancar dinheiro fácil da viúva e está pronta a receita para enriquecimento rápido.
Não vamos generalizar, claro, mas não é coincidência o fato de que em toda tramóia tem sempre uma ONG no meio.
É de uma inocência pueril acreditar que essas ONGs trabalham realmente com a finalidade assistencial; o assistencialismo é apenas o meio que justifica o fim – que é desviar dinheiro público ou no mínimo garantir rendimento extra à custa da compaixão alheia.
Compaixão que nem sempre é compaixão, mas cumplicidade.
Até 2009 existiam mais de 4 mil ONGs atuando no país e agora perderam a conta. A maioria recebe dinheiro público; a maioria tem uma ponte com o erário federal; a maioria das ONGs tem um padrinho forte em Brasília que abre as portas dos ministérios e, sobretudo, o cofre da viúva.
Como, então, se indignar diante das denuncias de desvio de dinheiro público pelo viés das ONGs? Não faz sentido.
Todos sabem que o sistema foi montado para isso, ou seja, para desviar dinheiro público. E salvo o momento de rebeldia, que é geralmente causado pelo interesse contrariado, a sociedade jamais ficaria sabendo do que se passa ou do que se passou.
O caso do soldado Dias, ex-amigo, ex-beneficiário e ex-militante que denunciou o ministro Orlando Silva, é o exemplo mais evidente da única chance que a sociedade tem de ficar sabendo dos desvios de dinheiro.
O professor e amigo Edson Bezerra me repreendeu pelo post anterior e tem razão, pois não devemos condenar o ministro Orlando Silva sem antes saber desses detalhes que o soldado Dias diz possuir, mas sem provas.
Mas, não dá para tirar a priori o mérito da denúncia de Dias sob o argumento de que se trata de um criminoso. Afinal, quem mais haveria de denunciar o esquema das ONGs no Ministério do Esporte?
Ninguém mais embasado para denunciar a quadrilha do que um ex-quadrilheiro. Ou alguém iria esperar que o papa, o bispo ou a madre denunciasse?
Pelo que essas ONGs têm aprontado em conluio com a tecnocracia federal corrupta, é o momento de o Ministério Público e a Polícia Federal entrarem em ação. Mas, de preferência entrar em ação para fiscalizar a aplicação do dinheiro, antes que ele (o dinheiro) se evapore como, de ordinário, tem acontecido.
O que o amigo internauta sugere: todo poder às ONGs?