Estava com idéia fixa: queria seu “tábrete”.
Sim, seu “tábrete”.
Não lia nem bula de remédio, nem outdoor de calcinha, muito menos legenda de filme. Achava “cãopricado as letrinha tudo picuchuquinha!!!!!”.
Mas sua motivação era irreversível: iria comprar seu “aiprédi”.
Ainda mais agora, com a morte do “hômi”. Não poderia ficar sem o seu.
E vejam: o deputado Tiririca próximo a ele era um verdadeiro Machado de Assis. Jumento perto dele era astrofísico. Uma anta ao seu lado era a reencarnação, em animal, de Albert Einstein.
E tem mais: achava-se o milionário. Mas, de rico e fino, nada tinha. Tinha “ganho” uns “troco” com contravenção e malandragem de leve, mas na verdade vivia na pindaíba total.
Todavia, queria impressionar e posar de ricaço antenado carregando aquela “tabuletinha” debaixo do braço.
Mas o que fazia o “danado” do “tábreti”?
Isso ele não sabia.
Um amigo seu tão “letrado” quanto ele já tinha um, e achava o “bichinho” muito útil. Dava para ver seu Orkut da rua e assistir vídeos de “Lairton e seus Teclados” a qualquer momento. O “Moranguinho do Nordeste” já estava nos links dos favoritos.
Foi quando ele se “arrochou”. Mandou um amigo (da onça), importador “fino” de produtos dos “USA”, trazer um.
Qual modelo?
O mais moderno, claro!
Não queria saber do preço. Queria o “mais caro”. E ponto!
Quando o “amigão” chegou com a caixinha vinda diretamente de uma fábrica “origi” da “Éplou” em Ciudad de Leste, Paraguai, ele foi ao delírio.
Enfim, agora seria um “cabra” globalizado.
E o amigão ainda fora “irmão” com ele, trazendo um “aiprédi” novo e revolucionário, daqueles que o “Istivisjóbis” estava fazendo antes de “bater as caçuleta”.
O nome era “aiprédi PRD”. Só “quinhentinhos” mais caro, mas era “pixinxa” diante das “tecnologia” de ponta, que dispensava até o toque humano.
E a partir de então haja gastar a ponta do dedo. Era um esfrega-esfrega crônico. Em todo o canto lá estava ele e sua prancheta.
O que ele tanto pesquisava, lia, consultava? Um segredo!
Na fila do banco, no Shopping, no lava jato, no boteco, no Trapichão, na vaquejada, no Forró do Louro, no Comércio, no Mercado da Produção, na Peixada do Deda ou na Praça dos Martírios ... Era um passa de dedo prá cá, um passa de dedo prá lá... sem ele, nem ninguém, entender o que ele mesmo fazia.
Era só fotografia passando, de um lado, para outro.
Até que um dia estava ele lá em plena Praça Deodoro, com dedo “chumbregando” a telinha. Arrasta o dedão para um lado, roça o dedão para o outro, com dois dedinhos abre e fecha imagem... Já estava com dedo indicador roxo e fino... a mão dormente e cansada.
Foi quando chegou um “trombadão” disposto a “tomar” na munheca o “brinquedinho”.
O garotão não contou conversa. Da porta do Tribunal marcou carreira. Parecia Usain Bolt em direção do babaca e seu “aiprédi”.
O demente pensou que era um “pareia” e que iria levar um abraço do “cumpadi”. Quando estendeu a mão, só viu a imagem do “tábrete” mudar em um milésimo de segundo. Já era o dedão do marginal, novo “dono” do equipamento, puxando a plaquinha sagrada de suas mãos.
Em um piscar de olhos, lá se foi o ladrão e o “tábrete”... Desespero total.
Mas não tinha nada não.
Já tinha visto outro igualzinho ao seu no camelô da Moreira Lima.
Igualzinho. E beeeeemmmmm mais em conta!
“Incrusive” com a passagem de foto automática, “diferencial competitivo e ultra tecnológico” alegado pelo “amigão” do Paraguai para o modelo novo de Ipad desenvolvido por Steve Jobs.
Isto porque no seu antigo “aiprédi”, que roubado tinha virado “cabrito”, o roçar de dedão era só “agá”. Seu “tábrete” erão tão moderno que já fazia as imagens deslizarem sem precisar de “táuchiscrim”. Passavam sozinhas.
Que beleza! Que sorte! Achar em Maceió outro “aiprédi PRD”.
Porta Retrato Digital.
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