Ia andando pela rua, desolado e conformado, o Romarildo.
Era corno, cagão, nascido pelo avesso de feio, aturava a esposa Glorinha, mulher bandida, e mãe dela, mistura de sucuri com surucucu, com cascavel e com dragão de komodo.
Ainda tinha o Jorjão, o “primo” surfista bombadão que morava com o casal e era alvo de toda a “atenção” da Glorinha por que era "pobrezinho" e tinha uma “hérnia de disco beeeemmmmm sofriiiiiiiiidinha....”.
Foi quando olhou do lado e viu uma lâmpada mágica. Pegou na mão, esfregou e de repente um “gênio” estranho, meio vermelho, com rabinho pontudo, saiu de dentro. “Geninho” que logo se identificou:
- Sou Lucifrinho, meu rei, seu gênio da lâmpada! Romarildo “gaiúdo” frouxo, cabra besta lesado! Tua mulher te trai, a mãe dela te engabela, recusastes dar um “pega” na Silvânia, secretária do Diretor de Pessoal que te deu bola por meses... enfim, mereces fazer 3 pedidos!
Romarildo ficou consternado.
O quê?
Tinha sido feito de otário a vida toda e foi preciso o gênio lhe contar. Mas agora que tinha a doce oportunidade da vingança isso não ficaria assim!
A ira subiu a sua cabeça! E começou a pedir:
- Quero por um dia ser como um Tom Cruise cachaceiro e “passar o rodo”, com força!
Foi num estalo. O pobre se viu lindo, num resort 10 estrelas, com placa indicando “Ilha de Bundas”. Funcionário do hotel, visitante, turista e nativo era só fêmea “modelo”, mulata de escola de samba, atriz de filme erótico classe A, de silhueta de toda a espécie, tamanho e natureza... e todas no cio. Na ilha, Viagra dava no pé, em barra azul quem nem sabão Brilhante. Romarildo perdeu a conta de quantas “catou”. Sem falar no coquetel de birita que provou, já com Engov embutido. Saiu “bebo” lavado e de “bimba” dormente!
De volta do sonho, o gênio ordenou:
- O segundo, meu rei!
Romarildo caprichou:
- Quero uma “pisa” bem dada naquela “véia sérvergonha” da minha sogra.
Foi dito e feito. Dona Juju, em tempo relâmpago, amanheceu em Bagdá vestida com bandeira dos Estados Unidos da cabeça aos pés. Foi “lixa” no estilo do saudoso Saddam, sem direito a tecla SAP, nem legenda. Tapona na infiel, mãozada e voadora na vehinha! A bruxa apanhou tanto que ficou desacordada, foi bater na UTI do hospital de campanha, virou mártir da revolução, saiu até na CNN... só para abrir a boca de novo demorou um 6 meses, de tão “quebrada” que ficou. Chapa na boca não segurou nunca mais e andar só após fisioterapia reforçada.
Romarildo vibrou. Viu a cena no telão de LED com sinal digital direto do inferno. Um espetáculo!
Foi quando Lucifrinho disse: vai no derradeiro, bestão!
Romarildo foi enfático!
- Quero que Glorinha e Jorjão ganhem na Mega Sena!
O gênio não entendeu!
O que? Como? Não pode?
- Você é louco? Perguntou o gênio, já iracundo.
- Manda “bala”, gênio “fulêro”! Ordenou Romarildo.
O gênio não contou conversa. Na hora, em um estalar de dedos, Glorinha e Jorjão apareceram agarradinhos, com um bilhete premiado na mão, felizes e faceiros, comemorando a riqueza repentina.
Romarildo vibrou!
- Uhuhuhuhuhuhuhuhuhuhuuuuuuuuuuuuuu!
O gênio não compreendeu nada e, atônito, questionou:
- Seu otário, o “bruguelão” cata tua mulher, de bota ponta, ela te “corneia” na tua casa, descarada e malandra, e tu ainda dá canja para estes dois salafrários?
- Romarildo respondeu:
- Êpa, ai não!
- Glorinha é uma santa. Toda a noite cuida da hérnia do “bichinho”. Eu escuto tudo. Toda noite é um “bota na poupança”, “bota na poupança meu amooooorrrrrrr”. O senhor não sabe o que é pobreza e dedicação à dor do próximo não, seu diabo nojento. Agora eles vão poder, até que enfim, botar tudo na “poupança” e vão dormir sem preocupação, com um “pézinho” de meia para aquela viagem às “Ôropa” que eu vi eles combirem.
Foi uma das vezes em que o diabo desistiu.
E Romarildo seguiu em seu caminho dos justos.
E dos mansos.
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