Era a mulher sair para a feira, para a missa, para a casa da Dorinha, a filha mais velha... para algo “pocar” em casa.
E aí não tinha jeito: ele chamava o “Pereirão”.
O semi velhote ainda enxuto e metido a galinho de rinha estava adorando a novela nova.
Agora a esposa Genoveva, a "Vevinha", iria “compreender”.
Marcionilo, 57 anos, ferroviário aposentado do batente mas ainda profissional da cachaça gastava o dia entre a “marvada”, o carteado, a “raparigagem” às escondidas e os “consertos domésticos”....
E com relação aos danos na residência, no último mês “tava cá gota”!
Foi resistência de chuveiro, fecho de fechadura, registro de privada, tomada de geladeira, bocal de lâmpada, vazamento de ralo... Tudo na ausência da “patroa”.
Tudo “quebrado” nos últimos dias.
Danou-se!
E só quebrava quando “Vevinha”, a “nega véia”, ausentava-se do ninho do amor.
Que mistério!
Mas o “Pereirão” dava corretivo em tudo. Tudinho! Dizia o homem.
- “Que profissional, ‘Vevinha’!
Derretia-se o maridão, quando do retorno da “oficial”.
Até o dia em que “Vevinha” resolveu voltar mais cedo da casa da “fia”.
Tinha ficado preocupada!
De novo! Do outro lado do telefone, uma voz ofegante prevenia:
- Chega cedo não “neguinha”. Curto circuito geral! Já chamei o “Pereirão”. Conserto pronto só na “boquinha da noite”!
Promessa feita para não ser cumprida. Genoveva combinou, mas foi só desligar o telefone e correr para a casa às escuras.
Ajudar o “momô” e conhecer o “faz tudo” misterioso era seu objetivo!
E foi ao chegar em casa e ao abrir a porta de mansinho quando se deu a maior vista do desfrute que os olhos de “Vevinha” já presenciaram.
O “Pereirão” era uma menininha amarela de 20 aninhos, traseiro “double” de pônei maldito, coxão, cabelão e boca grande lambuzadíssima de batom.
O que “consertava” não se sabe, não deu para ver.
Mas deveria ser algo na cintura do Marcionilo e que exigia visão aproximada da “profissional”, com destreza “manual” e até “labial” da "trabalhadora".
Que decepção!
Mas a vingança seria maligna!
O tempo passou, e a mulher, que nem diabo ressentido, arquitetou plano.
Esperou o dia do pagamento no banco e da feira no mercado, com Marcionilo a se entreter e a biritar na Praça do Pirulito.
Bolso “estibado” com o soldo mensal. "Dindim" para, dias depois, chamar o “Pereirão” para mais um “aprumado” na casinha.
Em dias como aquele, o retorno do “cabra safado” era só a tarde, já cheio de goró, “prá lá de bebum”...
O marido, inocente, enchia a cara. E a mulher, ainda vistosa e vingativa, aprontava-se para aprontar.
Lá para as quatro da tarde, o celular do esposo tocou.
Era a “Vevinha”, que convocava:
- Vem logo “momô”. Fossa estourada! Mas o “Pereirão” já chegou!
Marcionilo teve nó na cabeça!
Quem?
Qual “Pereirão”?
Deixou a meiota pelo meio, coisa rara para o bebedor fino e malino. Entrou no primeiro lotação, pediu “carreira” até a ladeira do Calmon.
Chegou em casa esbaforido. Chutou o portão e abriu a porta!
Encontrou outra mulher em casa.
“Vevinha” toda maquiada, sorridente e relaxada, cabelo feito e sem bobe, cheiro de Alfazema suíça em profusão .
A “neguinha véia” vestia uma camisolinha semi transparente encarnada, cor do fogo e da paixão, de fazer inveja à coroa devassa de site pornô.
Estava de “babar”... e cheirava à fornicação.
Não se sabe que conserto o Claudomiro, um garanhão conhecido e disputado no Flechal de Cima, fez por lá.
Marcionilo só viu o mulato de 1,80 metros e 95 quilos bem distribuídos, barriga tanquinho, malhado, musculoso e cara de pitbull com testosterona avantajada se saindo sem camisa, todo suado, marca de unha e dente no peito e nas costas, com sorriso de safadeza indescritível.
Enxada na mão, Claudomiro ainda fez deboche na soleira da porta:
- Dona “Vevinha”, sempre às ordens viu! Sou o seu “Pereirão”, o seu criado!
Nunca mais quebrou nada na casa do casal.
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