Brasília – Um colega jornalista aqui em Brasília, assessor na Câmara Federal, me perguntou se o prefeito de Traipu, Marcos Santos, é o mesmo que esteve preso quase um ano por corrupção e ameaças de morte.

- É.
Ele se engasgou e não foi a pimenta – a gente estava almoçando num restaurante mexicano na 405 Sul.

- Como é que pode, cara! Isso só em Alagoas...

- Isso não é nada – disse-lhe para aumentar a indignação e acrescentei: o pior é que ele é candidato à reeleição. Para o ano, em Alagoas, pelo menos três presos são candidatos porque até lá (até a eleição) não serão julgados. Farão campanha atrás da cela e vão se eleger.

- Não, cara, você está de brincadeira.

- Brincadeira?! Ligue para lá (Alagoas) e pergunte a quem você quiser. Pergunte se não é verdade que tem político foragido da Justiça que reapareceu e vai fugir de novo quando perder o direito à impunidade parlamentar. Se não for eu cegue!

O colega riu achando que estou de brincadeira. Mas, como acompanhou o caso do prefeito de Traipu, ele achou por bem não duvidar. E disse-me que vai propor uma tese no curso de Direito – ele cursa Direito na Uniceub – sobre essa situação esdrúxula de Alagoas, não só pelo caso do prefeito de Traipu – que é inédito no país – mas também pelos candidatos que vão disputar a eleição de 2012 na cadeia.

E tem mais, companheiros e companheiras: sabe quando o prefeito de Traipu vai devolver o dinheiro que desviou da prefeitura? Quando a gente assistir um show do Roberto Carlos cantando de bermuda.

Mas, que ninguém venha culpar a Justiça ou os políticos porque a culpa é nossa que não reagimos; que somos resignados por natureza. Somos o DNA do sangue latino-americano mais arraigado da tese do milionário alemão Alexandre Von Humboldt, que no começo do século passado visitou a América do Sul e nos definiu assim:

- “Os latinos americanos são mendigos sobre assentos de ouro”.

Ou seja: não sabemos a riqueza que possuímos e não nos importamos com quem nos roubam, ainda que flagrantemente.

Ajudado por um melitante do serviço público, o prefeito fugiu e deixou no lugar a nora. Pense como está preocupado com a solução de continuidade...

Agora esteja...