Brasília – O quadro de Pedro Américo sobre a Independência do Brasil mostra uma situação irreal; não era aquele o cenário nem eram aqueles os cavalos – na verdade, eram mulas – que subiram e desceram a Serra do Mar para levar o imperador Pedro I à casa da amante dele, em São Paulo.

E na volta da boemia, o imperador acometido de forte dor-de-barriga, apeou-se para evacuar enquanto matutava sobre a exigência da corte portuguesa ordenando seu regresso imediato a Lisboa.

Mas, que é bonito é. Parece verdadeiro, assim também como a Independência que os livros de história oficial relatam com o olhar dramático e a linguagem de novela das 8.

Na verdade, a Independência do Brasil foi um negócio conduzido pela Inglaterra e o “grito” de Pedro I, que ninguém ouviu, mas todos reproduzem foi apenas a senha para os ingleses entrarem em ação e tirarem de vez Portugal do meio do caminho deles com o Brasil.

Portugal devia tudo à Inglaterra: dinheiro, proteção, parceria...

Quando os portugueses quiseram reagir contra a Independência, os ingleses surgiram com uma proposta irrecusável para quem era devedor. Portugal devia 2 milhões de libras esterlinas e a Inglaterra propôs o seguinte negócio: o Brasil assumiria a dívida e Portugal “engolia” a independência.

Trato posto, trato feito.

Ocorreu que, sendo colônia e dependente, o Brasil não tinha economia, ou seja, não tinha dinheiro para pagar a dívida de Portugal e novamente a Inglaterra apresentou a idéia engenhosa que consistiu no seguinte: emprestar 4 milhões de libras esterlinas.

Sem ter outra saída, o Brasil aceitou. Recebeu na verdade apenas 2 milhões de libras, porque os outros 2 milhões de libras foram descontados na boca do caixa por conta da dívida de Portugal – que o Brasil assumiu.

Um verdadeiro negócio da China para a Inglaterra.

Para o Brasil, o 7 de setembro de 1822 representa também o “nascimento” da sua dívida externa – que dura até hoje.

Mas, nesses quase dois séculos é neste 7 de setembro de 2011 que o país revela ao mundo uma maturidade política há pouco tempo impensada. É que, pela primeira vez, uma mulher vai comandar o desfile cívico-militar em homenagem à independência.

E ainda por cima, como observou o companheiro e competente jornalista Marcos Rodrigues, âncora do programa de serviços de maior audiência do rádio alagoano, trata-se de uma ex-guerrilheira.