Mulata assanhada, passista, chegada a pagode, a cara do Rio: alegria, descontração, camaradagem e boa malícia.

Cobradora de ônibus, solteira, em busca de um “grandchi amôôôrrrrrr”!

Seu sonho: ser rainha de bateria da escola de samba da baixada, que lutava no grupo de acesso para poder desfilar entre as grandes Portela, Salgueiro, Mangueira...

Já tinha tentado de tudo, de concurso da comunidade a “namorico” com bicheiro-patrono. Mas, sempre, perdia no quesito “gordurescência”.

Sim, era a típica “gordelícia”. Só que expandida. Martinha tinha todo o traquejo, toda a ginga.

E toda a banha da “comunidadchi” junta!

Em todas as seleções, era preterida em prol de outras mulatas também que nem ela, mas dentro dos “conforme” solicitados pelo carnavalesco.

Mas naquele desfile prometia arrasar.

Previamente fez dieta, caminhada, pilates, tomou laxante, passou fome, comeu isopor, fez lipoaspiração, drenagem linfática, bebeu chá do “seca bucho”, foi no Pai de Santo e fez promessa para Santa Pelanca, padroeira das “redondas”.

No dia do ensaio e da seletiva, foi para a quadra confiante em ser a escolhida.

Arrebentou!

Mas a vaga de rainha foi para mulata dengosa escultural Suelen Patrícia, que além de ter tudo em cima, caíra no “agrado” do presidente da escola.

Como prêmio de consolação, arrumaram um lugar de destaque para Martinha.

Na ala das baianas.

- “Aiê! Sacanagchemmm à beésssssa, pô”, reclamou.

Mas aceitou.

Tinha um plano infalível. E o carnaval daquele ano conheceria a verdadeira estrela da baixada fluminense, a verdadeira mulata do Rio de Janeiro, a beleza do morro, lado B da garota de Ipanema.

O ano passou e ela era só preparação! Tudo escondido, segredo guardado a sete chaves. Só revelaria quando começasse o desfile.

E o grande dia chegou!

A escola entrou na avenida, meio “derrubada”, sem o glamour do grupo de elite. Comissão de frente, abre alas, mestre sala e porta bandeira, tudo como manda o figurino...

A televisão transmitia ao vivo. A “comunidadchi” em peso assistia.

Aos poucos a evolução permitia a entrada na Marquês. Foi quando entrou a ala das baianas, com Martinha toda de branco, saia rodada com bambolê, parecendo uma mini estátua do Dique do Tororó em Salvador.

Mas quando a baiana GG entrou no desfile, surpreendeu.

Quando viu a primeira câmera de TV, parou e radicalizou. Deu uma sambadinha diferente, rebolou os “quartos”. O cinegrafista deu zoom. E Martinha começou o strip tease.

A platéia reparou. Foi uma vibração total.

O carnavalesco quase teve um troço.... a “biba” corria aos prantos pela avenida gritando “pelamorrrrrrrrrrrrrrrdeDcheuuuuus”!!!!!!!

O bicheiro quase enfartou! O presidente da escola suava frio, ficou transparente!

Martinha, em rede de TV, despia-se. E a cena que se viu foi indescritível!

A mulata de 114 quilos e pouco mais de um metro e sessenta ostentava um traje tamanho micro-extra-mini-nano PPPPPPPPPPPPPPPP ao cubo.

Resumindo: atrás era só uma linha de pesca prateada. E na frente 3 lantejoulas em formato de rosa.

Nos “peitão”, só purpurina.

Parecia uma foca gigante incorporada de “spritu”.

Parecia gelatina em dia de terremoto, com a luz refletindo na purpurina dos “peitão” causando um feixe de luz que cegava a arquibancada e iluminava o Cristo Redentor (teve beato que viu até viu estátua fazer sinal da cruz...)

A platéia urrava que nem no Coliseu Romano.

E não teve segurança, meganha, nem coordenador de evolução, nem fiscal que a impedisse. Foi o desfile inteiro rebolo, balança culote e aterrorização. Chocante!

Não precisa nem dizer que a escola perdeu ponto e continuou no grupo acesso. Martinha ficou um tempo longe da baixada. Foi até ameaçada de morte pelo dono da "boca".

Mas conseguiu o que queria.

Saiu em tudo que é revista, ganhou cachê de presença vip, participou de reality show. Ficou bem de vida e deixou de cobrar passagem na linha Caxias-Cinelândia.

Um empresário italiano enlouqueceu quando viu aquela “aBundância”. Veio para o Brasil já com aliança de casório na mão.

Hoje o mulatão carioca brilha nas “zouropa”, provando que ousadia e “gostosura” em peso não fazem mal a ninguém.

 

 

 

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