"Todo advogado tem, no bom sentido, uma pitada de ‘místico’, porque a profissão é também um sacerdócio. E uma pitada de ‘mágico’, porque tem que ter criatividade para descobrir soluções nas causas aparentemente difíceis".

A frase acima é do mestre Evandro Lins e Silva.

Sábias palavras...

Mas quais seriam os ingredientes de um bom advogado, para além do “misticismo mágico”, ávido por Justiça, que move os operadores do direito?

Diria que um bom advogado deve ter paixão. Há de se lembrar que a missão é árdua e o glamour é coisa de cinema, uma vez que a defesa da legalidade é tarefa nem sempre compreendida, às vezes mal falada, intricadamente arquitetada.

Nesta arquitetura, o papel do advogado é encontrar o percurso adequado, mesmo quando os corredores deste labirinto apresentem espinhos, obstáculos, falsas saídas, desconexões acidentais ou propositais.

Por isso que o bom advogado deve ser conhecedor das possibilidades, imensas e quase infindáveis, de trajetos concretos, evitando os falsos atalhos que desembocam no destino da incerteza e da insegurança. Quando não da vilania!

Tudo isso com o toque de Midas do fantástico horizonte aventado pelo mestre Evandro.

Ele, que como ninguém soube combater o bom combate na seara criminal – uma das mais espinhosas e tolamente mal vistas áreas do direito –, sem retroceder um milímetro em sua convicção de que todos nós, sem distinção e por mais cruel que seja o ato cometido, temos direito de defesa.

Magia e misticismo, paixão e perspicácia de um desbravador de terrenos desconhecidos... além disso, um bom advogado tem que saber que dinheiro não brota do chão, e que para bem ganhar na banca é indispensável permanência infinita nos bancos escolares, aprimorando-se a cada dia, a cada causa, a cada sentença favorável ou de revés.

Um bom advogado tem que ter ética. E ética aqui não é a idealização vã e superficial de uma meta imaginária a qual eu nunca percebo quando transgrido.

Ética aqui é o compromisso com a interpretação correta, coerente e cidadã do texto legal. Ética é o respeito para com seu cliente, seja rico ou pobre, seja causa de monta, ou de ninharia. Ética é o compromisso inalienável de jamais recuar quando se tem certeza de que o remédio jurídico é cabível, justo, saudável e necessário.

Mas um bom advogado tem que ter, acima de tudo, senso de sua responsabilidade coletiva.

Porque de seu ofício demanda um dos meios de exercermos o poder de reivindicar, de exigir e de conquistar, respaldados pelo escudo legal. Escudo falível, porém, sempre soberana medida...

Evandro Lins e Silva sabia disto!

Tanto que mesclou sua carreira com causas das mais variadas ordens e das mais variadas tendências, sempre embasado na busca do justo e do coerente perante do Estado Democrático de Direito.

Nesta semana em que comemoramos nosso dia do advogado, sejamos místicos, sejamos mágicos. Sejamos um instrumento de cidadania.

E comemoremos nosso sacerdócio com a certeza de que somos essenciais, sim, à sociedade.



PS.: nesta semana especial em que comemoramos nossa data (11 de agosto, Dia do Advogado), farei posts diários sobre nossos desafios e sobre nossa missão de advogar!

 

 

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