Já disse aqui neste blog que há regiões de Maceió que são sitiadas.
Regiões nas quais ninguém entra ou niguém se atreve a entrar, sob risco de morte nas mãos de criminosos.
Todos nós sabemos, pelo menos, quais são algumas destas áreas.
E todos nos sabemos também que, nestas áreas empobrecidas, mora muito trabalhador, gente decente, que nada tem a ver com bandidagem, tráfico ou qualquer espécie de violência. Com certeza, a expressa maioria!
Vamos dar “nome aos bois”: por exemplo, quem se arrisca a percorrer os becos estreitos, miseráveis e precários das favelas da Orla Lagunar?
No começo do governo, em seu primeiro mandato, até o Senhor Governador teve que sair “corrido” de lá por sua assessoria, em uma visita na qual a sua equipe de segurança não foi 'bem recebida" ao tentar efetuar uma prisão por porte ilegal de armas... Por pouco, não houve tragédia...
Ou mais: quem se arrisca a fazer um city tour pela Grota do Moreira, pela Grota do Rafael, pela Grota do Estrondo...?
Cabe dizer que a analogia de extremos é válida: fazer um city tour pelas ruas que adentram a Ponta Verde também é hoje em dia, lamentavelmente, um exercício de coragem, haja vista o número de assaltos registrados nas moradas da classe média.
Digo isso porque, com honestidade e franqueza, admito que o governo faz mais que correto em ocupar áreas em que impera o crime em Maceió.
Até que enfim! Finalmente! Que alívio! O governo do BEM parecer acordar e reagir!
Não sejamos inocentes. Presença da polícia na rua é essencial. Mais que ser segura, a cidade precisa parecer ser segura. Sentir a sensação de segurança é fator elementar para que a população se sinta minimamente assistida neste quesito.
Não podemos conviver, ou tolerar, que bairros, vilas ou grotas sejam impermeáveis à ação do Estado.
Não podemos ter áreas proibidas ou invioláveis em nossa cidade, bolsões selados com o lacre da impunidade que acoberta quem rouba, mata e trafica.
Agora, esta ocupação não pode ser nem ilegal, nem cosmética.
Nem desprovida de ações paralelas e fundamentais no campo social. Estas prioritárias e, até hoje, historicamente negligenciadas deste a época das Capitanias Hereditárias.
No caso da cinematográfica ocupação do morro carioca do Alemão, após os aplausos, a imprensa apresentou registros macabros de moradores que tiveram sua dignidade e sua honra aviltadas por quem deveria defender a Lei.
Vieram à tona casos de moradores que foram, contraditoriamente, “assaltados” por policiais. Isso no Rio de Janeiro!
Também houve relatos de infrações, desrespeitos e abusos de autoridade no caso carioca. Cenas as quais, espero, não se repitam em Alagoas.
E em especial, de nada vale ocupar território com armas, viaturas e homens de cinza se aos habitantes destas regiões não levarmos escolas, lazer, emprego, saúde, comida... afeição.
A ocupação não pode e não deve ser medida só de força. Deve ser medida de esperança.
Se o governo conseguirá este feito? Confesso que o histórico de 5 anos "tucanos" me leva a desconfiar.
Mas o primeiro passo, antítese entre o básico necessário e superficial propagandístico, já foi dado.
Tomara que o Palácio República dos Palmares resolva correr esta maratona, adotando as medidas globais que precisam ser adotadas, inclusive chamando à responsabilidade a inclassificável gestão municipal.
Devemos dar um voto de confiança à ocupação de áreas de Maceió, cientes de que ação e investimentos globais no social são, em definitivo, os mais concretos e certeiros caminhos para a redução da violência.
Rumos que jamais serão aqueles que somente geram imagens espetaculares de rifles, homens, cães e sirenes entre gente pobre e sem perspectivas.
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