Um amigo em Maceió, cearense, e amigo também do meu filho Wallaci e do meu genro Naldo, convidou-me para ir com ele à China, em setembro. Empresário, esse amigo viaja regularmente à China na companhia de um chinês, amigo dele que mora em São Paulo, e que serve de interprete.
Fiquei curioso, não pela variedade de produtos que se pode comprar, mas por um detalhe que este amigo contou igualmente estupefato: o chinês não recebe gorjeta.
Contou-me esse amigo cearense que depois de andar de táxi pra cima e pra baixo decidiu gratificar o motorista. Pagou a corrida cujo valor estava no taxímetro e deu-lhe mais algum por fora e o chinês se espantou; disse-lhe que não podia receber “porque o governo não permite que se explore o turista”.
Esse amigo ainda argumentou que ninguém iria saber; que ninguém estava vendo nada, mas mesmo assim o taxista chinês não aceitou o argumento.
Outro exemplo: o amigo jornalista Francisco Terra, gaúcho que conheci em Brasília, contou-me que sobrevoava os Estados Unidos e pediu um uísque à aeromoça. Não chegou a sorver a bebida e a mesma aeromoça apareceu e arrebatou-lhe o copo da mão, para devolvê-lo cerca de meia hora depois.
Sem nada entender, o Terra perguntou o motivo de a aeromoça ter-lhe tomado o copo de uísque e ela respondeu que, naquele momento, o avião estava sobrevoando o espaço aéreo de um estado que profeça uma religião onde, naquele dia, era proibido vender bebida alcoólica.
Quer dizer: quando a lei funciona fica mais fácil para todos. Todavia, quando se pode tergiversar com a lei, a ordem-do-dia e salve-se quem puder.