Soube da morte do jornalista Carlos Cavalcante, que nasceu em Maceió (no bairro de Bebedouro), foi assessor de imprensa da Secretaria de Agricultura e depois se mudou para Recife, onde chegou a presidir o Sindicato dos Jornalistas e a exercer também a função de juiz trabalhista não-togado.

O Carlos Cavalcante serviu ao Exército (antigo 20 BC e hoje 59 BIMtz) antes de mim e quando foi licenciado, ele passou a trabalhar na Gazeta de Alagoas, ficou responsável pela cobertura do noticiário militar. Ele ia pelo menos duas vezes na semana ao quartel do antigo 20 BC pegar as notícias.

Uma vez ele saiu do quartel apressado com a missão que o capitão Zamith, chefe do S-2 (Serviço Secreto) havia lhe dado.

Parêntesis: o capitão Zamith foi transferido para Maceió como punição; ele servia na PE ( Polícia do Exército), no Rio de Janeiro, e barrou o acesso da esposa de um general na Vila Militar pelo portão lateral. O próprio general havia dado a ordem para ninguém ter acesso pelos flancos do quartel; só pelo portão principal.

O soldado de sentinela barrou a esposa do general e formou-se a maior confusão. Chamado para intervir, o capitão deu razão ao soldado e não permitiu que a esposa do general passasse. O general o chamou e os dois discutiram, e Zamith acabou punido.

Ele chegou em Maceió em meados de 1969, ano em que o Carlos Cavalcante estava servindo. E desde então tentava fazer o curso de Estado Maior, para ser promovido a major, e era barrado. Tentou em 1969, em 70 e nada; em 1971 não tinha mais como barrá-lo por um motivo decisivo: ele passou em primeiro lugar.

Aí o Zamith chamou o Carlos Cavalcante e disse:

- Jornalista! Coloque lá no seu jornal: Zamith aprovado em primeiro lugar!

De fato, foi essa a manchete da página 2 da Gazeta. Não me recordo a data nem o mês, mas foi no ano de 1971.

O nome completo do capitão é José Ribamar Zamith; ele é carioca e figura no livro “Tortura nunca Mais”. Mas, de minha parte, eu que convivi com ele mais de um ano no mesmo quartel, a imagem que ficou foi de um homem justo, correto e nacionalista.

O amigo Carlos Cavalcante se foi e que Deus o coloque num bom lugar ao lado do Nunes Lima, do Ródio Nogueira, do Dênis Agra e do Freitas Neto – que era quase seu vizinho em Bebedouro.