Brasília – A reforma política tão esperada está sob risco de malogro. Enquanto o voto será mantido obrigatório e os eleitores sofrem nas filas para se recadastra e entrarem na era biométrica, os políticos lutam desesperadamente para manter o “status quo” que garante os absurdos da legislação eleitoral atual.
Essa é a realidade.
O malogro será garantido pela Câmara Federal; são os deputados federais os maiores entraves às mudanças que a sociedade almeja e que se fazem necessárias. E não adianta o Senado apressar os passos na direção desses anseios da sociedade, porque na Câmara nada que altere profundamente o “status quo” será aprovado.
Por exemplo: o absurdo das coligações proporcionais que permitem a eleição de deputado sem voto. Imagine que a Câmara Federal já empossou um deputado que obteve apenas 270 votos – que são insuficientes para eleger um vereador em Coité do Nóia!
Esse deputado federal de apenas 270 votos foi eleito na carona da super-votação obtida pelo finado Enéas – que chegou à Câmara com 1,5 milhão de votos e arrastou outros com ele. Pois é isso o que os deputado querem manter a todo custo e não adianta pensar em mudar a situação, pois é questão – para alguns deputados – de vida ou morte política.
Sendo assim, na nova legislação eleitoral em gestação no Congresso Nacional a única novidade mesmo ficará por conta do eleitorado – que agora, além do título, será identificado pela impressão digital. Não deixa de ser um avanço, sem dúvida, mas enquanto se garante lisura no pleito, os políticos mantêm para eles os velhos vícios que transformam a eleição num grande negócio exclusivo para profissionais.
Não basta ter voto; o importante é saber com que se coligar.