Brasília - Soube pela postagem do internauta Arthur, que não tenho a honra de conhecer, mas que nos honra participando do blog, que o jornalista Nunes Lima faleceu na madrugada desta terça-feira na Santa Casa de Misericórdia.
Quando comecei no jornalismo o Nunes já era uma estrela e consagrada; suas charges eram “leitura” obrigatória. Tornar-se seu companheiro de redação foi a glória; eu ficava observando o Nunes – que se isolava para produzir suas obras de arte.
Suas charges eram igual a um “tiro de canhão”, tal os estragos que produziam pela critica contundente. As charges do Nunes eram diferentes porque não tinha só humor; elas encerravam também uma “crônica” muda que não vejo em outros traços.
Na antiga redação da Gazeta de Alagoas, na rua do Comércio, após o fechamento da edição nós íamos para A Toca – um restaurante que não sei se ainda existe, e que ficava em frente a Praça Pedro II.
O Nunes bebia vinho; eu, Jurandir Queiroz, Manoel Alves Feitosa, Fernando Araújo, José Elias, Teófilo Lins entornávamos cerveja.
Até que um dia apareceu um jornalista pernambucano em Maceió, chamado Zadock Castelo Branco. Gente boa e também boêmio e notívago.
Éramos solteiros, sem compromisso, e o Zadock combinou terminar a farra lá na Areia Branca, a casa que ficou famosa pelo nome do proprietário, o famoso Mossoró. O Jurandir Queiroz havia comprado o Landau do saudoso Carlos Breda e estava empolgado.
E lá fomos nós, mas o Nunes não sabia qual era o destino. Ao passar pela Praça do Centenário o Nunes desconfiou e perguntou:
- Pessoa! A gente tá indo pra onde?
- Pro Mossoró.
- Páre o carro que eu vou descer. Senão, eu pulo.
O Nunes disse isso e abriu a porta do Landau para pular do carro em movimento. Finalmente o Jurandir Queiroz cedeu e o Nunes desceu. Pegou um táxi e voltou para casa, lá na Rua Formosa, na Ponta Grossa.
Bem casado e com um filho pequeno, o Nunes era assim: fiel, amigo, divertido e tratava a todos por Pessoa.
Que Deus o coloque em bom lugar.