O argumento de que o trânsito de Maceió é caótico somente porque a frota de automóveis aumentou demais na cidade durante os últimos anos é, além de rasteiro, covarde.
É fato que o número de carros – novíssimos e aos pedaços – circulando em nossas vias públicas sofreu um expressivo acréscimo nos últimos anos. Não entrarei aqui no maniqueísmo de dizer que e se isso é bom, ou mal, de modo superficial e sem aprofundamento.
Maceió está intransitável porque, simplesmente, nossos gestores fingem se esquecer de dois quesitos básicos no planejamento urbano mundial: infraestrutura viária e transporte coletivo. E este esquecimento forçado é covardia da pura.
Eles fingem se esquecer porque eles sabem e bem se lembram que estes elementos são essenciais.
E porque a justificativa do elevado número de automóveis é banal e falaciosa?
Porque se fosse assim, todas as cidades brasileiras já tinham travado. É verdade que há um grande problema nacional nesta área. A frota nacional de carros, motos e caminhões cresce em todo o país. Cresce demais? Bom debate...
Mas mesmo diante das prefeituras medíocres que por vezes governam nossas grandes cidades, há casos no Brasil que podem sinalizar luzes no fim do túnel.
Nada é perfeito e o tráfego é péssimo de canto a canto do país. Todavia a capital de Alagoas desponta como campeã da bagunça, do desrespeito e da insalubridade no quesito mobilidade urbana.
Por exemplo: São Paulo tem corredores exclusivos para ônibus. Há anos.
Aracaju tem sistema de ônibus integrado. Há anos.
Maceió tem bagunça generalizada em suas mal traçadas ruas e avenidas, fiscalização insuficiente, um emaranhado de linhas de ônibus descoordenadas. Há anos.
Chamar de ônibus certas carroças que andam pelas ruas de nossa cidade é elogio. Passageiros e funcionários das empresas são lesados. A cidade se amesquinha e se rebaixa.
E cadê o Eixo Viário Vale do Reginaldo, uma das 12 promessas mirabolantes da campanha à prefeitura de 2004?
Maceió não tem grandes obras de infraestrutura. Tem remendos, ruelas, obras que levam anos para sair do desenho e da propaganda do IPTU, mudanças inúteis no sentido de ruas, viadutos anões e insuficientes, quando não equivocados. Aquele em frente ao Aeroporto Zumbi dos Palmares é um deboche. Por que não fazê-lo no trevo da Polícia Rodoviária Federal?
Cadê as demais ações prometidas há anos para o setor do transporte?
O problema não é das montadoras que fabricam carros, ou da sociedade brasileira e alagoana que, felizmente, começa a ter condições de comprar seu carro.
O problema, em especial, é da Prefeitura de Maceió, e também do Governo do Estado, que promovem a exposição de nossa gente à humilhação e ao desafio que é se locomover em nossa terra.