Ao justificar o motivo de o seu cliente não revelar o nome do comparsa que atirou e matou o estudante da USP que reagiu ao assalto, o advogado saiu-se com esta:

- “Toda profissão tem ética”.

Muita gente se indignou com a justificativa, mas a verdade é que o advogado disse a verdade – que a sociedade finge não saber.

Há vários tipos de assaltantes:

1) Tem o assaltante que atua nas ruas assaltando transeuntes.

2) Tem o assaltante que atua à surdina desviando dinheiro público.

3) Tem o assaltante que atua fora do banco aplicando as “saidinhas” depois de bem informado por alguém que ficou dentro do banco.

4) Tem o assaltante dentro do banco que assalta os clientes com taxas e sobretaxas indevidas.

5)Tem o assaltante no supermercado que assalta o cliente majorando preços.

Enfim, são vários tipos de assaltantes e todos com o seu “código de Ética” que preserva a espécie e, mais que isso, a faz proliferar.

E que ninguém pense que o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, foi demitido por causa do escândalo do seu enriquecimento meteórico. Não foi.

É preciso entender os escândalos pelos detalhes, que levam à motivação da publicação. Sim, porque tem sempre alguém e algo por trás dos escândalos que a mídia alardeia; tem sempre um interesse camuflado.

Digamos que pela “ótica do escândalo”, o advogado cometeu uma “ilusão de Ética”. Mas, é preciso entender que a Ética também ampara o marginal – que tem lá os seus códigos.

Assim como ampara também o assaltante do erário, que age em nome de uma tradição que de tão arraigada se confunde e leva a gente a aplaudir o mínimo gesto de honestidade tratando-o como se a honestidade não fosse um dever.

O que era para ser regra tornou-se exceção.