Bom, amigos, esse texto não é uma teoria da política. Serve apenas para explicar algumas coisas de forma bem simples.

Em primeiro lugar, eu não sou de esquerda.

Penso que o que hoje se chama de esquerda é uma visão política ligada ao coletivismo. Assim, um esquerdista hoje é aquele que vê o mundo de um viés coletivista, social. Sendo assim, dá valor ao modelo de estado intervencionista, e enxerga no livre mercado uma forma de perpetuar a desigualdade.

O esquerdista pensa que – até um determinado limite – o Estado deve controlar o mercado. O Estado deve também cobrar altos impostos para sustentar a ampla gama de serviços públicos que ele mesmo deve prestar. Acredita que deixar nas mãos de entes privados a prestação desses serviços é algo essencialmente ruim, pois deixaria de fora da assistência estatal os mais pobres. Esse é o esquerdista bonzinho. Aquele que se diz democrático. Vou deixar de fora dessa análise os socialistas tardios. Gente que ainda acredita no modelo socialista.

O problema, meus amigos, é que Estado demais é veneno. Quando o Estado é grande demais ele usa o indivíduo como meio e não o trata como um fim em si mesmo. Para garantir tais “direitos sociais” o Estado precisa tirar de uns para distribuir aos outros. No limite, essa prática pode se tornar uma forma de autoritarismo. Isso se mostra muito claramente no Brasil. Corrupção é associada diretamente à tara estatista. Os altos impostos são uma forma de opressão ao indivíduo para custear o “Estado Social”.

Em outras áreas, esse autoritarismo se manifesta nas posições da esquerda. No Brasil, quem defende controle da liberdade de expressão? A esquerda. Quem defende invasão de propriedade privada? A esquerda. Quem defende sindicatos ligados ao Estado? A esquerda. Quem defende mais impostos? A esquerda. Quem defende voto em lista fechada? A esquerda!

Bom, já que não sou de esquerda, sou contra tudo isso, não é? Isso significa que eu defendo um estado meramente guarda-noturno? Não necessariamente. Parto de um princípio libertário, mas admito que certos contextos podem pedir certas intervenções. Desde que sejam mínimas e provisórias. Ademais, todo bom liberal precisa admitir o Estado em pelo menos um lugar além do “guarda-noturno”: na educação. Educação coloca todo mundo em pé de igualdade e é um ponto de contato importante entre o libertarismo e o igualitarismo liberal.

Um esquerdista sério, mas ingênuo, perguntaria: o que fazer então para acabar com a miséria e com a pobreza? Eu respondo: diminuir o tamanho do Estado. Deixar os indivíduos produzirem com menos burocracia e impostos. Isso aumenta o emprego e a renda e provoca a diminuição da pobreza. É uma falácia achar que só se diminui a pobreza com ações estatais. No máximo essas ações perpetuam a pobreza se não foram bem-feitas. Para comprovar, recomendo estudar a história recente da Coreia do Sul e do Chile, ou a crise por que passa atualmente a Europa.

O problema do esquerdista é que ele não aceita a desigualdade. Admito que quando a desigualdade é grande demais, o Estado deve agir. Mas como? Aumentando impostos? Não! Aumentando a formação educacional dos cidadãos. Isso é comprovadamente a melhor forma de diminuir a diferença salarial e colocar mais pessoas nas classes médias. No mais, medidas que criam estatais e aumentam impostos são apenas uma forma de o Estado sufocar o indivíduo e, economicamente falando, sufocar o empreendedor.

Um liberal, portanto, no limite, acredita também que um modelo de livre mercado é, além de mais justo, mais eficaz para aumentar a riqueza e diminuir a pobreza e a desigualdade. Quanto mais o Estado diminui tributos ele incentiva a economia e permite o crescimento de todos.

Situações de pobreza extrema, todavia, demandam uma rede de proteção social, mas que seja voltada para a formação dos cidadão e não para a manutenção da situação de pobreza. Assistência social como proteção e não como redistribuição.

Ora, mas por que um esquerdista não aceita isso? É que ele quer mais! Na teoria, o esquerdista tem como norte o igualitarismo socialista. Na sua utopia não está um mundo meritocrático ou com ampla liberdade. Seu ideário político é uma sociedade de iguais em que o indivíduo tem que submeter suas vontades à coletividade.

Eu penso o contrário. Sendo assim, sou de direita?

Bom, se estamos chamando de “direita” um ideal político liberal individualista e democrático, posso dizer que sim.

Mas e os autoritarismos fascistas e regimes militares da América Latina que se autodenominavam de direita? O que eu tenho a ver com eles? Respondo: NADA.

Esses regimes eram considerados de direita simplesmente porque eram anticomunistas. No mais, em tudo se pareciam com os regimes socialistas. Tinham forte tendência estatista, burocratizante e autoritária, além de um ideal coletivista. Competem na história sobre quem matou mais e com mais eficiência. Com ampla vitória do socialismo, é claro! Mas a expressão “de direita” está, no Brasil, fortemente associada ao autoritarismo do regime militar. Trata-se de uma falácia da nossa esquerda, é claro, mas também de um contexto histórico.

Hoje, no Brasil, eles estão juntos! A direita nacionalista, estatista e conservadora está ao lado da esquerda governando o Brasil! Nosso regime democrático é novo e já está mais que na hora de um ideal de direita claramente liberal aparecer no espectro político nacional.

Toda democracia civilizada tem seus libertários, liberais e direitistas, que, antes de mais nada, são entusiastas da democracia liberal. Só aqui nós ainda temos vergonha de dizer isso com todas as letras. Bom, eu não tenho. Eu sou de direita.

Fica para depois algumas considerações sobre a relação entre a direita, o liberalismo e o conservadorismo.