Tais quais as manhãs de domingo quando assistíamos as corridas da Fórmula 1 na era Senna, as operações da Polícia Federal deixam saudades.

Quase todos os dias, noticiários locais e nacionais traziam reportagens de grandes ações da PF no combate à corrupção, ao tráfico de drogas, ao contrabando, e tantos outros delitos praticados pelas ORCRIMs – Organizações Criminosas - disseminadas ao longo do extenso território brasileiro.

A metodologia no preparo das investigações e o desencadeamento das operações tornaram-se doutrina para outras instituições, especialmente no que se refere ao batismo delas: Sanguessuga, Anaconda, Taturana, Gafanhoto, Gabiru, Praga no Egito, Satiagraha, João-de-Barro, Carranca, e por aí vai...

Os nomes das operações e o modo padronizado de execução mostraram tanta eficácia que o STF editou súmula quanto ao uso das algemas e o Conselho Nacional de Justiça, ambos sob presidência do Ministro Gilmar Mendes, emitiu recomendação para que o nome das operações não fosse citado em decisões pelos juízes criminais, pois tinha que o investigado ficava estigmatizado no curso da ação penal: “É preciso encerrar esse capítulo de marketing policial às custas do Judiciário”, disse o Ministro Gilmar na oportunidade.

Mas tudo isso ficou na saudade!

Hoje a Polícia Federal está na UTI e respira com ajuda de aparelhos.

O seu orçamento para o ano de 2011 sofreu duro contingenciamento na ordem de 1,5 bilhão de reais. Um policial federal só está autorizado a receber 40 diárias no ano e as viagens só podem ser feitas em caso de flagrante.

Isso significa que no caso de Alagoas e Sergipe, que não têm delegacias nem posto avançado no interior, a ação policial para investigação e instrução de inquérito fica restrita a capital e as cidades limítrofes.

Absurdo!

Agora os tidos como “estigmatizados” podem deitar, rolar, comer e roer, enquanto a PF falece no leito da ingerência política que está por trás desta nefasta retaliação orçamentária.