Servidores públicos em revolta, população à míngua, dignidade em decadência.

Gostaria imensamente de escrever o contrário, mas o cenário atual do desgoverno instalado no Palácio República dos Palmares não me permite.

Triste sina de quem não intenta maldizer, mas é obrigado por consciência cidadã a se indignar.

Ou nos unimos enquanto adoradores deste solo sofrido das Alagoas, ou condenaremos nosso futuro à penumbra, à inanição, ao descompasso.

Reitero: acredito que o senhor governador do Estado é até bem intencionado. Mas seus gestos e os atos de sua equipe desabonam qualquer referência de apreço ao bem coletivo.

Seu sorriso de escárnio enluta nosso coração, avilta nossa auto estima, faz-nos menor por quem nos deveria engrandecer.

O mote dito e transcrito feito mantra diabólico seria compreensível, se não fosse contrastante com a realidade matemática.

É claro que não vivemos na Suiça, não temos a industrialização paulista nem a pujança regional da economia de Pernambuco. Mas negar reajuste ao funcionalismo alegando de modo simplório a Lei de Responsabilidade Fiscal ou a austeridade financeira não se harmoniza com os dados, os números, as estatísticas. 

Seria vil alegar que sobra dinheiro, mas é pertinente constatar que os recursos dos cofres públicos estatais são mal gerenciados, mal aplicados, desfocados de seu objetivo principal como alardeado na propaganda empreendida pelo senhor secretário de comunicação: gente que faz pela gente.

Vejamos: em 2010 cerca de R$ 15 milhões de recursos oriundos de convênios foram devolvidos. Sim, parece que vivemos em um estado milionário, que não precisa de "esmola" na casa de mais de milhão!

O desgoverno DO BEM gasta R$ mais de 500 mil com empresa de táxi aéreo (sim, majestades alagoanas e sua nobreza não voam de classe econômica, em tarifa promocional, de madrugada...) enquanto custeia em armas para nossa polícia parcos R$ 380 mil (depois a culpa da violência é do crack, e ponto final!).

Dados chocantes e vergonhosos como estes estão no Portal da Transparência do Desgoverno. Sugiro uma visita e uma prova de virtude cívica na checagem dos dados: o endereço é www.transparencia.al.gov.br .

Esta é parte da contabilidade do governo do AI 45. Mas o principal e o mais dolorido não são os indicadores da má gestão, e sim os indícios claros e explícitos de descaso para com os servidores públicos (e por tabela com a sociedade em geral).

É como se eles pensassem assim: “só pago na minha ilustre ‘política de reajuste’ menos de 6% de aumento. E se lambuzem com esta benesse da gestão pública alagoana. Se vocês recebem R$ 1 mil reais, ganharão quase R$ 60 de reposição. Reclamar para quê? Este dinheiro é suficiente para o servidor vândalo que o estado ainda tem que suportar! Ahhhh, não aceitam? Querem discutir, debater, dialogar? Não pago mais! Serve 7%? Quem sabe, mês que vem, implantamos este montante estupendo em 1000 parcelas...”

Alagoas tem pressa e por isso come cru e quente, há anos atolada em descaminhos.

Servidores públicos, não desanimem! Agrupem-se em movimentos ordeiros, respeitosos, e em especial bravos e destemidos em busca do respeito que vocês merecem.

E não se curvem à ditadura tucana das contabilidades maléficas.

 

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