Bolsonaro está prestando um duplo desserviço à maturidade da democracia brasileira. Em primeiro lugar pelas suas próprias afirmações intolerantes. Mas há uma segunda contribuição para a confusão no debate democrático. Dadas as suas asneiras e seu modo ostensivo de expor o preconceito, pontos importantes como o PL 122 e esse tal “kit gay” viram, imediatamente, expoentes da racionalidade e da tolerância somente porque Bolsonaro discorda deles.
Eu, por exemplo, sou a favor do casamento gay e adoção por homossexuais, mas acho que esse tal “kit gay” é um troço extremamente invasivo. Disse ontem no Twitter e isso gerou o maior debate com meus queridos alunos. O problema é que o debate é confuso. Envolve um sentimento importante de tolerância, mas que se confunde com o radicalismo em favor da “causa gay”.
O vídeo, do jeito que está sendo apresentado, é uma clara invasão na autonomia das famílias. É uma tentativa ridícula de doutrinar os estudantes. Não é uma campanha contra o preconceito – o que seria válido – é, na verdade, um proselitismo sexual vagabundo. Banaliza as questões de sexualidade, como aliás, está na moda na nossa educação. O kit substitui as famílias na educação sexual e, por isso, o acho um absurdo.
Um dos meus alunos fez uma pergunta essencial. “Então o pai pode dizer para o seu filho que a homossexualidade não é correta?”. Respondo. Pode! É uma escolha dele, que envolve, inclusive, a questão religiosa. São os pais que devem lidar com essas questões, pelo amor de Deus! Quem o Estado pensa que é para se meter na nossa casa e dar instruções sobre sexo aos nossos filhos?
Importante não confundir a educação contra o preconceito com isso que foi veiculado como sendo o kit gay. Não tem nada a ver! A escola é lugar par discutir preconceito, mas não para doutrinação sexual, seja hétero, seja homossexual. Que vídeo ridículo! Ao invés de abordar com naturalidade a questão, cria uma forma de incentivo para ser gay! Patético!
Imaginem um vídeo exaltando a heterossexualidade! Como seria absurdo! Essa turma não tem jeito...
É óbvio que a doutrinação é inócua, pois não tornará ninguém gay ou hétero. Pelo menos é o que eu acredito. O problema é que esse tipo de texto não cabe numa escola. Os pais é que devem lidar com isso da melhor forma. Cabe ao Estado coibir os abusos e o preconceito e, eventualmente, com cuidado, fazer campanhas nesse sentido. O que ele não pode nunca – pelo menos num Estado Democrático de Direito – é se substituir às famílias.
Tem gente que não gosta da distinção entre público e privado. Eu, como sabem, sou um cara retrógrado... Acredito que essa é uma distinção importante. Sem ela, não há democracia.
Reproduzo meu apelo no Twitter:
Gostaria de pedir permissão ao Estado Democrático de Direito brasileiro para criar meu filho em paz. Obrigado.
Veja o vídeo: (O vídeo não está aparecendo, por isso, coloquei o link aqui)