Conhecia o professor Marcos Bernardes de Mello pelas páginas dos livros, leitor que sempre fui e sou de sua magistral obra no campo das Ciências Jurídicas, em especial em minha época de estudante, membro de Centro Acadêmico, iniciante no mundo do Direito.

Foi um amigo, hoje magistrado em São Paulo, quem me apresentou seu pensamento, em especial seus escritos sobre Pontes de Miranda: admiração, respeito, clareza e grandiosidade à primeira leitura daquele professor das Alagoas, essencial em analisar a obra deste vulto do direito mundial. Estes foram meus sentimentos iniciais, os quais carrego até hoje.

Em Maceió, passava pela porta de seu escritório, o via em eventos, solenidades... mas não tinha coragem de ir lá, apertar sua mão, agradecê-lo pelo conhecimento compartilhado, pelos ensinamentos fraternamente disseminados. Timidez? Vergonha? Não sei dizer. Sentia-me pequeno diante de sua envergadura. Aprendiz diminuto frente ao mestre gigante e solidário.

Anos depois, já advogando aqui em Alagoas e ainda acanhado, fui convidado a um encontro. O tema: candidatura à presidência da OAB. O candidato: Marcos Bernardes de Mello. Não hesitei em ali estar. Fui soldado naquela batalha, campanha digna, debate claro de idéias, reflexivo e pertinente em apontar os caminhos que a Ordem deveria seguir.

Fui um dos muitos a comemorar a sua vitória ou, como ele sempre se referia, a “nossa” vitória. Na OAB/AL tive a honra de atuar ao seu lado como conselheiro. Responsabilidade e prazer, fortuna que se agradece e que jamais se apaga da memória.

Na OAB, ele presidente, eu conselheiro, éramos “colegas”. Mas para mim sempre fui seu discípulo. Marcos Bernardes de Mello foi e é inalcançável. Fui ainda seu aluno na primeira turma do mestrado em Direito da Ufal, realizando um sonho antigo de participar de suas aulas, de me nutrir com seus conhecimentos.

Fiz concurso, tornei-me professor efetivo da Universidade Federal de Alagoas. Hoje, toda quinta-feira tenho dois encontros imperdíveis: como professor com meus alunos de direito processual penal, e como eterno aluno com o genial professor Marcos. Histórias, “causos”, relatos, erudições, cotidiano, bom senso, humor e humildade. Não acredito que ouso em ser seu “par” na sala de professores, para mim proeza impossível.

Continuo e continuarei mínimo diante de sua modesta nobreza, da fala mansa e sempre contundente com o carinho do homem que muito sabe e ainda muito mais divide, doa, entrega. Neste momento em que a Faculdade de Direito da Ufal completa 80 anos de serviços prestados à nossa gente, poder há 40 anos contar com a presença e o trabalho do professor Marcos já comprova o seu diferencial enquanto escola que honra o ensino jurídico no Brasil.

Ser professor da Ufal me orgulha. Ver a nossa faculdade completar 80 anos nos emociona. Ter ao nosso lado um ser do quilate de Marcos Bernardes de Mello nos glorifica. Ao lado de muitos que por lá passam e lá atuam, nossa Faculdade de Direito é o que é pelo comprometimento acadêmico, cidadão e humano de pessoas como o professor Marcos.

Confesso: já não sou mais o neófito aluno de Direito ou o militante  do C.A. nem o advogado iniciante. Mas me sinto plenamente novato frente à sabedoria resplandecente deste nosso professor.


 

Sigam-me no twitter: @weltonroberto