A eleição majoritária do ano passado foi marcada por duas surpresas: a derrota da senadora Heloísa Helena, cuja eleição para o Senado era dada como certa, e a votação obtida pelo senador Benedito de Lira – que superou a votação do senador Renan Calheiros.
Tem mais uma surpresa referente a Renan, que foi a derrota em Arapiraca, mesmo com o apoio do prefeito Luciano Barbosa.
Esses resultados surpreendentes trazem embutida a lição de que, em política, é um risco confundir o eleitor.
Renan obteve menos votos que Benedito porque o eleitor não entendeu – e não entenderá – outro palanque dele a não ser ao lado do governador Téo Vilela, com quem fez dobradinha e se elegeram juntos senadores com a maior votação proporcional do País.
Certo que o quadro nacional influenciou a separação – Téo é do PSDB e Renan é aliado do PT – mas no consumo doméstico isto seria dissipado, e tanto seria que nem o presidente Lula nem a candidata dele, Dilma Rousseff, visitaram o Estado durante a campanha.
Renan é, sem dúvida, o maior líder político do Estado atuando em Brasília; no gabinete dele passam diariamente os caciques da política nacional, entre eles o presidente do Senado, José Sarney, a quem tive a honra de ser apresentado esta semana.
O que Renan quiser tudo pode, daí a perseguição da mídia discriminadora – que não admite o poder de um nordestino e, mais que isso, alagoano.
A votação de Renan não influenciou em nada o seu poder, o que é sem dúvida um orgulho para Alagoas.
Mas, o resultado da eleição passada deixou um recado muito forte em Arapiraca, especialmente, e em outros municípios que Renan sempre ajudou. No caso de Arapiraca o recado duro foi para o prefeito Luciano Barbosa – que é o melhor administrador do município até hoje, e, em contraposição, o político mais desastrado.
Luciano cometeu erros grosseiros no relacionamento com as bases e ainda hoje vive às turras com os vereadores – quatro deles, filiados ao PMDB, são seus opositores.
Nos casos dos municípios onde a votação de Renan não foi o que ele esperava a explicação está no tratamento que os prefeitos receberam do governo Téo, que fez exatamente o oposto do governo Lessa.
Ou seja: Téo deu a César o que era de César e Lessa fez o contrário: ficou com o ICMS de César, digo, dos prefeitos.