Admiro muito os pacifistas, os legalistas, os resignados e, especialmente, aqueles que mesmo diante da tragédia provocada perdoam os algozes. Esses, com certeza, terão o reino do céu.
Mas, não consigo entender quem mata para roubar. Até entendo o roubo, mas não entenderei jamais o latrocinista porque este já nasceu má.
Durante muito tempo acreditei que o homem nascia puro e se mantinha puro dependendo da “condição de vida”, tal qual nos ensina o grande Sartre.
Todavia, eu comecei a observar que o jogador de futebol já nasce sabendo jogar futebol; o músico já nasce músico; o poeta, o pintor, o escultor, o repentista, enfim, o artista em geral já nasce com o dom da arte com a qual mais se identifica.
E aí eu pergunto: ora, se o jogador de futebol já nasce sabendo jogar futebol; se o poeta, o músico, o pintor, o escultor, enfim, o artista já nasce artista então o bandido já nasce bandido. A maldade nasce com ele, senão como explicar que pessoas bem sucedidas e que tiveram formação, família rica e educação formal de primeira linha envereda pelo crime?
Podemos citar o caso do famoso médico Osmani, discípulo e que seria hoje sucessor do médico Ivo Pitangui, mas que optou pelo crime? E o médico que estuprava as pacientes durante as inseminações artificiais?
Pois bem; eu não aposentei o velho e sábio ditado que diz assim: quem é bom já nasce feito.
Incorporando a dor da família de vítimas de latrocínio – e cada um se coloque no lugar dela – eu pergunto o que se deve fazer com o bandido que mata para roubar.
Prendê-lo?
É o que diz a lei. Ocorre que a lei nem sempre nos ampara. O bandido que mata para roubar vai preso, mas não pode ficar indefinidamente preso e, uma vez no presídio, sairá de lá pós graduado em outros crimes e tornará a matar para roubar até que, finalmente, a lei maior o mande para o inferno.
E qual é a lei maior?
Gente! Só existe uma e está num código, infelizmente, em desuso – que é o Código de Hamurábi, o único jurista que não deixou brechas.
É preciso mudar urgentemente a lei, senão a sociedade continuará ameaçada pelos fora da lei. Só existe duas opções para se aprender: pelo amor ou pela dor.
Tenho um amigo, o Paulinho, que viaja à China duas vezes por ano. Ele me contou que, no ano passado, foi dar uma gorjeta ao taxista e este recusou recebê-la alegando que “o governo não permite”; a gorjeta é considerada extorsão e o governo chinês exige que se trate bem o visitante.
Agora eu pergunto: se o governo chinês não fosse rigoroso no cumprimento da lei o taxista recusaria a gorjeta?
Enquanto a lei permitir que o latrocinista seja no máximo preso, essa mesma lei está estimulando outros latrocínios.