Passado o dia 1º de maio, resta-nos a constatação nada festiva para os milhares de servidores públicos alagoanos: como em anos anteriores, não há nada o que comemorar.
Aliás, o que há é a sentença histórica de desprezo confirmada pelo atual governo, não muito diferente da mesma penalidade aplicada por gestões anteriores contra quem faz a máquina estatal atender a população.
Repudio a visão de que servidor público é “vagabundo”, “preguiçoso”, ou outras modalidades de adjetivos nada lisonjeiros.
Visitem o HGE, no Trapiche, ou a base da Rádio Patrulha, no Farol, para ver exemplos de gente que dá a vida pelo serviço público... não nos percamos no senso comum preconceituoso ou temperado com o veneno da inveja.
Destaco: a “política” de reajuste salarial anunciada pelo governo revela-se como um escárnio diante dos homens e mulheres que educam os filhos de quem não podem pagar escola particular, curam as feridas de quem não tem plano de saúde, tentam proteger nossas famílias diante da violência que nos aterroriza cotidianamente.
Ofertar míseros 5,91%, e ainda parcelado (!!!), é um ato terrorista contra a dignidade do servidor público estadual.
Por que não enxugar a máquina demitindo comissionados?
Por que não reduzir despesas com celulares, viagens, automóveis e combustível?
Por que não cobrar, receber ou executar judicialmente quem deve (e muito!) dinheiro de impostos e não honra suas obrigações tributárias (empresas e usinas, em especial) para com o Estado.
Se estas medidas fossem adotadas, sobrariam recursos para um reajuste maior. A conta é simples.
No lugar destas medidas de austeridade, o caminho que se trilhou foi o de “premiar” os trabalhadores com este “reajuste” risível, não fosse trágico e humilhante.
Some-se à desfaçatez do anúncio pomposo da “política” de reajuste salarial o fato de os Poderes em Alagoas desprezarem as reivindicações dos servidores estaduais.
Fazendo-se de cego e surdo, o Executivo finge que nada têm a dizer aos movimentos grevistas (Greve? É comigo?...)...
Os Sindicatos que se vejam com a Judiciário, ao meu ver já acomodado em ilegalizar os movimentos com base em argumentos puramente técnicos em descompasso com a profundidade do debate.
Senhores desembargadores, pergunto: Um motorista de ambulância, que ganha em média R$ 550,00 fará o que com os quase R$ 40 de reajuste (pago em parcelas, repito!)?
É mais ou menos assim: “fez greve? É ilegal. Cumpra-se!”. É o que diz nossa Justiça.
Neste cenário, o silêncio de setores do Legislativo é o retrato da apatia e do descompromisso.
Esquecendo-se de que o direito de greve é a base das relações trabalhistas, nosso Tribunal parece insensível diante das demandas de policiais, profissionais da saúde, da educação e de quaisquer outros prejudicados com o arrocho tucano.
Das duas uma: o nosso governo pretende concluir o desmonte implementado há décadas em nossa estrutura estatal mediante o ato de desmotivar os que nela trabalham (sendo a falta de respeito para com o servidor um ato planejado); ou estamos sendo dirigidos por burocratas transloucados que não fazem feira, desconhecem o aumento da cesta básica, da passagem de ônibus e do remédio na farmácia.
Resta uma terceira hipótese: temos um governo masoquista, que odeia gente feliz e está decidido a transformar a alegria alagoana em um funeral de estado.
Estou no twitter: @weltonroberto