De vez em quando aparece uma “alma sebosa” propondo a desmilitarização da polícia fardada, e eu temo que um dia isto possa acontecer para a desgraça geral.
Se todo servidor público fosse regido pelo Regulamento Disciplinar a burocracia oficial não seria alvo de tantas queixas quanto à eficiência, à pontualidade e à disciplina.
Salvo raríssimas e honrosas exceções, o servidor público brasileiro é relapso. Atende mal, chega atrasado, forja desculpas para justificar as faltas ao serviço e não serve bem ao público, apesar de ser servidor público.
Na Inglaterra, por exemplo, quem cola o selo nas correspondências é o servidor da repartição onde o cliente foi colocar a carta.
O policial militar não pode chegar atrasado nem forjar desculpas para justificar as faltas, porque na caserna faltar com a verdade é crime.
Os que querem mudar essa situação são exatamente aqueles que não cumprem com as obrigações de servidor público e querem transformar a PM num contingente de barnabés.
Viva a Polícia Militar com o seu Regulamento Disciplinar!
A propósito da incorporação de mais 540 soldados na PM a expectativa depositada nessa nova tropa deve ser repensada para que não venha frustrar os desavisados.
É preciso entender que o combate à violência é uma tarefa de todos; não é só do governo nem da polícia. O combate a violência começa em casa, com os exemplos que os pais devem dar aos filhos sobre moral e conduta, e chega aos municípios.
Recentemente, o comandante da PM, coronel Luciano, pediu o apoio dos prefeitos para o combate a violência e está corretíssimo porque o Estado é uma idéia abstrata; só o município é concreto.
Se o prefeito zela pelo bem público; se o prefeito cuida da educação, da saúde e da geração de emprego para impedir o êxodo rural, ele está contribuindo decisivamente para a redução da criminalidade.
Os 540 novos soldados são um reforço considerável, mas não vamos jogar nas costas deles uma responsabilidade que é de todos.
Por exemplo: o que fizemos nesses últimos 30 anos para evitar que Alagoas chegasse à situação degradante na questão da violência?
Nada.
A sociedade assistiu os governos usarem politicamente a polícia. Muitos policiais se aventuraram numa disputa por um mandato eletivo e isto, com certeza, usando as instituições – militar e civil – para angariar votos.
Pior: a sociedade assistiu as policias serem usadas para a prática de crimes. Lembrem-se de que os 540 novos policiais militares não vieram de Marte; eles são daqui mesmo da terra onde os governos passados destruíram tudo o que puderam destruir.
Eles acabaram com Alagoas e agora surge uma nova Alagoas – que vai à guerra.