Sobre o ataque à escola municipal em Realengo, no Rio de Janeiro, ouvi o comentário de uma pessoa que justificou o gesto como “falta de Deus no coração”. Para essa pessoa e a sua explicação simplista, o assassino praticou o ato porque não tem Deus no coração.
Tenha paciência...
E as crianças vítimas inocentes mereciam tal fim só porque um sacana não tem Deus no coração? Ou melhor: como Deus pode permitir que mais de uma dezena de inocentes sejam mortos e outras duas dezenas fiquem feridas, só porque o assassino não está com Ele no coração?
Definitivamente este não é o Deus verdadeiro. O Deus verdadeiro livraria os inocentes das balas assassinas, afinal, eram crianças com idade entre 9 e 14 anos que estão isentas de pecado.
Aliás, não existe pecado do lado de baixo do Equador.
E o criminoso era um fanático religioso. Isto quer dizer que vivia a orar; que vivia em comunhão com o espiritual, que vivia com Deus.
O que vamos dizer para confortar os pais das vítimas? Que foi Deus que quis assim?
Revolto-me com esse tipo de pessoa e as suas explicações simplórias, porque elas são capazes de repetir o gesto tresloucado; são igualmente fanáticas e acham que tudo se explica pela “falta de Deus no coração”.
O pior é que, para essas pessoas, ter Deus no coração é freqüentar a igreja, é ter uma religião, é orar. Nunca, na história deste País, se viu tantas igrejas, tanta gente falando sobre Deus e tanta gente orando, e também nunca se viu tanta gente matando, tanta gente roubando e tanta gente pecando.
A questão não é Deus no coração; a questão é o que vocês fanáticos estão fazendo em nome de Deus.