É simplesmente inacreditável a falta de habilidade política e institucional de alguns burocratas que ocupam a máquina administrativa alagoana.
É impressionante como homens que ocuparam altos postos na esfera municipal, estadual, federal e até na iniciativa privada podem se comportar como asnos, como amadores, como “gênio iluminados” da estratégia de gestão pública, como bobalhões que se preocupam com ninharias e com a embalagem, enquanto o produto podre por inteiro clama por reposição urgente, estando inadequado ao consumo.
E a prisão do Major Bombeiro Carlos Burity é mais um capítulo lamentável nos históricos de trapalhadas de um governo que foi reeleito prometendo ser, integralmente, do BEM.
Pobre Alagoas!
Nossa classe governante é, certamente, uma das mais inoperantes e tacanhas do país, quiçá do universo. Nunca se fez tanta besteira e nunca se destruiu tantas pontes de diálogo num único governo. Não digo que eles têm “titica de galinha” na cabeça porque isto seria uma grave ofensa às fezes destas nobres e corajosas aves.
Médico, professor, policial, merendeira, agente penitenciário, padioleiro, coveiro... até grevista... Fez greve? Reclamou? Pediu melhores condições de trabalho? É TUDO VAGABUNDO!
E fazem como a menina mimada pelo pai que, com beicinho, esperneia: “não quero, não quero, não quero!!! ‘Tô’ de mal”!!!
Neste caso foi: ‘Têje’ preso”!
O Major Burity fez uma crítica pública e uma constatação óbvia, que até as mangueiras e as escadas do Corpo de Bombeiros de Alagoas fariam se boca tivessem (e se tivessem condições físicas e psicológicas, pois de tão calejadas, desgastadas e velhas, se vivas fossem estariam certamente com mal de Alzheimer): a condição estrutural da corporação não é das melhores e não comporta o pronto atendimento em cenários de grandes (ou pequenas) tragédias.
(Torçamos para que catástrofes de grande ou pequeno porte não acometam nossa população desguarnecida e não exponham ainda mais nossos bombeiros mal equipados... e mal pagos!)
Não vou apequenar o debate acerca do caráter jurídico da prisão, a qual considero irregular e desnecessária. Caberá à Justiça reparar o vexame e o RIDÍCULO protagonizado pelo grupo que se diz autoridade e determinou a prisão do Major.
Também não vou diminuir a questão situando Burity como um Dom Quixote da corporação, mesmo o considerando um militar aguerrido, preparado e disposto ao trabalho.
Vamos a 3 questões entre as centrais:
1) Prender o Major não resolve o principal: o problema crônico, vergonhoso e histórico do estado capenga do Corpo de Bombeiros de Alagoas. Aí, no final do ano, os “magos” da comunicação pública fazem aquela propaganda da “Taxa do Bombeiro” e pensam que de uma hora para outra a corporação ficará igual aos Bombeiros de Nova Iorque ou semelhante às forças de resgate japonesas...
2) Que é isso? Criticou, é cadeia? Voltamos à época pré-Revolta da Chibata? O AI 5 voltou a vigorar? (ou será o AI45?) Que tal pendurar Burity em um Pelourinho a ser construído no Palácio República dos Palmares?
3) A prisão do Major, tal qual tiro no pé, deu publicidade ampliada à crítica por ele feita. Agora é que toda a população alagoana e brasileira tomará conhecimento de que nosso Corpo de Bombeiros só ganha dos bombeiros do Playmobil (será? o do meu filho era bem equipado...). Não pelos seus homens, que são referência em profissionalismo e doam suas vidas salvando alagoanos, atuando em condições adversas e com salários aquém do valor de seu trabalho. Mas sim pelos equipamentos que possuem, já que os bonequinhos de brinquedo devem ser mais proporcionalmente bem equipados que o pessoal que sofre diariamente (principalmente os praças e os de baixa patente) no quartel da avenida Siqueira Campos, no Trapiche.
Sinceramente senhor governador, não nos envergonhe! Acredito MUITO em suas boas intenções... só lamento a péssima assessoria.
Desculpe a ousadia, mas sugiro que o senhor determine a sua equipe fazer o que o médico, o professor, o policial, a merendeira, o agente penitenciário, o padioleiro, o coveiro... e até o grevista fora da greve... fazem: TRABALHE E DEIXE DE PICUINHAS COM QUEM ESTÁ NA RUA SALVANDO VIDAS, NAS ESCOLAS EDUCANDO CRIANÇAS E NOS HOSPITAIS PÚBLICOS TRATANDO DE DOENTES POBRES.
Senhor governador, oriente seus gestores para no lugar de prender o Major Burity, ou qualquer outro servidor “reclamão” (com ou sem razão na sua queixa), que os receba no conforto dos gabinetes refrigerados, com café quentinho e água gelada, celular 0800 e motorista com carro do ano PARA UM DIÁLOGO FRANCO, RESPEITOSO E CONSTRUTIVO.
Senhor governador, espelhe-se na bela e imortal memória do senhor seu pai, o brilhante Senador Teotônio, exemplo de política com conciliação e sem rancor, que cruzou o Brasil pregando a compaixão, a união, a Política com P maiúsculo e imbuída dos valores que honram nossa sociedade.
E, de mãos dadas com os milhares de servidores públicos que TRABALHAM por Alagoas, reconstrua nosso estado após anos de desgoverno.
Afora tudo isso, o gesto da prisão não se harmoniza com a austeridade fiscal de sua gestão senhor governador. Se todos os críticos de seu governo fossem presos, certamente o Estado seria obrigado a construir uma cadeia para mais de milhão de reeducandos e mais ilegal e repugnante que a prisão de Guantánamo. E este gasto certamente feriria a Lei de Responsabilidade Fiscal.
PS.: estou na Itália, chego no Brasil semana que vem. Espero não ser preso pela Polícia Federal quando desembarcar no Aeroporto de Guarulhos em virtude desta livre manifestação de pensamento.
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