A pergunta é: se os que desviaram o dinheiro da merenda em 2005 tivessem sido punidos, os que desviaram o dinheiro agora se sentiriam estimulados à prática do crime?
Não diria que não totalmente, porque o crime é inerente à raça humana e alguns não seguram a tentação da desonestidade - que cada um de nós trás consigo, pois ninguém é 100% honesta.
Mas, com certeza que o número seria reduzido; a punição ágil e exemplar para quem errou em 2005 levaria uma boa parte em 2010 a não cometer o mesmo crime.
Sendo assim, não cabe mais indignação; a sociedade está acostumada com os desvios de dinheiro público, as ações da Polícia Federal, a contundência do Ministério Público é só.
Antes ainda podia se vê culpado algemado e agora nem isso; o constrangimento se restringe as imagens da imprensa, porque qualquer constrangimento é nada diante dos milhões desviados e que, de ordinário, não se devolve jamais.
Para que se indignar se cada um dos 13 acusados podem indicar até sete testemunhas de defesa e, com um advogado esperto, consegue retardar o julgamento porque as testemunhas residem fora do Estado e terão de ser ouvidas por “carta precatória”.
E quando a sentença sair, e se sair, muitos dinheiro público foram desviados. É uma bola de neve e não dá para se indignar mais.
O problema é que parece estar se confirmando a máxima de Rui Barbosa:
- “De tanto ver triunfar a nulidade, o homem sentirá vergonha de ser honesto”.