A discussão sobre o combate a violência traz sempre a questão da remuneração do policial, de modo que a melhoria da remuneração transformou-se na panacéia capaz de resolver o problema da falta de segurança e conter a escalada da violência.

Mas, não é assim. Até seria bom que fosse, pois numa simples canetada aumentando os soldos e vencimentos dos policiais e o governo, tal qual arte de mágico, levaria a sociedade para o Éden.

Infelizmente, a questão não é a remuneração do policial – que, sem dúvida, é baixa, mas já foi pior. Vejamos: um delegado de polícia ganha muito bem, mas sugiro que se faça umas visitas de surpresa para saber quantos deles estão nas cidades para as quais foram designados; quantos efetivamente trabalham e quantos podem ser encontrados na delegacia.

Um oficial da PM ganha bem, agora vamos pesquisar quantos deles estão nas ruas comandando a segurança ostensiva. Ou melhor: quantos deles, após atingirem as três estrelas, se mantêm operacionais.

O problema da violência em Alagoas também não é o número de policiais; o efetivo atual é suficiente, sim, e o vice-governador José Thomaz Nonô tem razão quando afirmou que Alagoas não precisa de mais policiais.

O problema é saber onde esses policiais estão e o que fazem; e, uma vez localizados, se estão fazendo aquilo para o qual a sociedade lhe paga – que é garantir a segurança coletiva.

A violência que encurrala a sociedade é resultado da violência que os administradores praticaram contra os municípios e depois contra o estado.

Por exemplo: até meados da década de 1970 existiam as sub-delegacias de bairros, onde a polícia realizava o trabalho preventivo; onde o policial conhecia os moradores e interagia com eles. Acabaram com as sub-delegacias e ato contínuo surgiram as empresas de segurança privada cujos proprietários são ex-policiais inativos ou na ativa que se fazem representar por testas-de-ferro.

Os governos coniventes com o descalabro nada fizeram para conter o êxodo rural; pior: segregaram os rebotalhos humanos expulsos do campo em grotas e estimularam o comércio de drogas – que hoje está diversificado: antes era apenas a maconha e hoje é o crack, a cocaína, a merla e as chamadas “drogas legais” – que causam igualmente dependência, mas são legais.

Quem acredita que aumentando o contingente e o salário vai resolver o problema da violência, também acredita que pode prender o vento para prevenir a tempestade.