Seria cômico se não fosse trágico ouvir os políticos alagoanos denunciarem a violência. Pelo menos os que estão falando com mais veemência – e aí é onde está o cômico – são os únicos responsáveis pela violência ter atingido os índices que atingiram em Alagoas – que até pouco tempo era um Estado inocente, com uma Capital pueril.
A pergunta é: o que esses políticos fizeram nos últimos 20 anos para expandir o emprego e aumentar a renda dos alagoanos?
Nada.
Festeja-se aqui a duplicação de rodovias, a construção de passarelas e a inauguração de calçamentos quando deveria se festejar a instalação de uma fábrica, a geração de emprego e a melhoria no sistema de ensino – que tem o maior complexo educacional da América Latina, o antigo Cepa, e não funciona mais.
Os governos anteriores, e isto desde meados da década de 1980, não tinham projeto de governo. Uns não tinham projeto nenhum e outros tinham plano de assalto do erário. Lembro-me do caso do empresário italiano Cesari, que em 2003 veio a Alagoas para instalar uma fábrica de fraldas descartável e absorvente feminino e tentaram extorqui-lo.
Pediram-lhe 8 milhões de reais para aprovar o projeto e o empresário se recusou pagar. À noite, no hotel, ligaram para ele baixando o pedido para 5 milhões, que ele também se recusou a pagar, e no dia seguinte baixaram o pedido para 3 milhões e meio de reais – que ele também não pagou.
Cesari foi para Sergipe, onde está instalado e produzindo com incentivos fiscais do governo sergipano.
Há também o caso da cervejaria que iria se instalar em Alagoas e foi para Sergipe, porque uma autoridade alagoana assinou um documento atestando que o lençol freático de Marechal Deodoro estava contaminado, num verdadeiro crime de “lesa pátria”.
Em meados da década de 1990 a Comesa, metalúrgica do Grupo Gerdau instalada em Atalaia, foi fechada porque o governo recusou aumentar o prazo de recolhimento do ICMS de 30 para 45 dias.
Pois bem, sem lutarem pela expansão do emprego e sem lutarem para conter o êxodo rural, os políticos alagoanos contribuíram para a violência que a sociedade assiste hoje crescer impunemente.
E não pense que há esperança de melhora, porque essa esperança é diretamente proporcional às ações honestas, solidárias e comprometidas efetivamente com o Estado. Mas, não é isso o que vemos.
Por exemplo: o estaleiro.
Alagoas corre o risco, sim, de perdê-lo porque Pernambuco reivindica mais um estaleiro. Todavia, não se viu até agora nenhum pronunciamento da bancada federal, especialmente os senadores, em defesa do projeto. Nem mesmo a sacanagem que o Ibama fez, com aquele relatório chinfrim, merece o repúdio dos nossos representantes em Brasília.
Essa é a nossa realidade. A violência é culpa dos nossos políticos, porque quem não gera emprego e renda gera miséria e crimes.
O resto é hipocrisia. Ou cara de pau mesmo.