Depois do recesso carnavalesco, estamos de volta aqui no blogue.
Leiam essa citação:
"O governo não pode tratar sua relação com outro poder, que é independente, como se estivesse negociando com sindicato de motorista de ônibus".
Isso foi o que declarou o presidente da Associação dos Juízes Federais, Gabriel Wedy semana passada. O sujeito ficou chateado porque a Presidente Dilma, a rigorosa, está se negando a negociar com os juízes um aumento salarial pleiteado pela “categoria”.
Ora, amigos, por óbvio um juiz não deve ganhar o mesmo que um motorista de ônibus. Mas isso significa que um juiz deva ser tratado de forma diferente de um motorista ou de qualquer cidadão? Claro que não.
A comparação com os motoristas não foi preconceito, mas uma demonstração de arrogância. Gabriel Wedy cometeu um ato falho. Parece que ele realmente se sente superior a um motorista de ônibus e, num momento de raiva, demonstrou isso sem querer.
Juízes e motoristas são iguais perante a lei. Se há alguma diferença entre eles é que os últimos pagam os salários dos primeiros. Um pouco mais de respeito seria interessante.
Na verdade, diante de um salário tão alto, soa mesmo ridícula a reação indignada da AJUFE. Juízes federais ganham o maior salário entre todos os funcionários do Estado. O salário inicial de um juiz federal é de quase R$ 20.000,00. É salário de país de primeiro mundo. Para quê tanta raiva?
Considero, e já escrevi isso, que juízes devem ganhar bem. Mas acho que engenheiros, médicos, estatísticos, auditores, contadores e professores também devem ganhar bem. No entanto, enquanto juízes ganham bem, muitos outros profissionais, principalmente do Executivo, não ganham. Afinal, o orçamento é um só.
O juiz é membro de um poder e, por isso mesmo, uma associação de magistrados deveria se preocupar menos com salário e mais com prerrogativas. Sei que é pedir demais que uma associação profissional deixe de pleitear aumento salarial. Mas considero bastante inconveniente uma associação de magistrados agir como um sindicato de motoristas. Entendem a sutileza?
O governo jamais tomou a decisão de tratar a política salarial dos funcionários públicos em conjunto. Fica negociando com as categorias separadamente. Isso gera o seguinte fenômeno: categorias menores e mais poderosas terminam levando vantagem, pois o aumento de seus salários tem menos impacto nas contas públicas.
Enquanto essa política continuar, continuaremos a ver essa alta discrepância entre os salários no funcionalismo público.