Alguém é notificado para prestar depoimento à polícia como testemunha de um homicídio, por ter sido a última pessoa a estar com a vítima, e na delegacia descobre-se que este alguém tem arranhões no corpo; descobre-se também que há sangue em suas vestes o que o enquadra a priori no papel certinho de suspeito.

Mas, aí se deu o que não costuma acontecer no cotidiano da polícia – que é forjada na cultura da suspeição antes da investigação. Deu-se que o suspeito foi liberado sob a alegação de que não havia médico no IML para o exame pericial e os peritos do IC se recusaram a vir à delegacia realizar a perícia.

Mesmo que isso tenha acontecido, nada justifica a decisão de soltar o suspeito. A liberação do modelo Frederico Safadi, o principal suspeito do assassinato do arquiteto Flavius Lessa, foi uma falha onde cabem várias interpretações – e duas delas podem ser a inoperância e o descumprimento do dever.

Ora, se o delegado solicitou a perícia é porque havia fortes indícios de suspeição – o que de fato existia e não só pelos hematomas no corpo e o sangue nas suas roupas do suspeito, mas principalmente porque Safadi mantinha um relacionamento homossexual conturbado com a vítima.

Mas, para sorte do suspeito e azar da vítima, só o sargento Garcia não desconfiou que dom Diego é o Zorro.