Uma galeria a céu aberto. É assim que grafiteiros como Eduardo Kobra, de 35 anos, encaram as cidades. Dono de um estilo realista característico, ele encheu de cores e desenhos os muros monocromáticos da capital paulista. A pedido do G1, o artista indicou alguns de seus murais que trazem um pouco de arte aos paulistanos presos no trânsito.


“Eu penso o seguinte: a cidade é meu ateliê. Minha arte acontece a céu aberto. Os muros são como se fossem telas”, afirma Kobra. “Quero incentivar outros artistas e mostrar a arte de rua. A cidade agradece.” Entre artistas da arte das ruas ele cita os Gêmeos - cuja obra pode ser vista no Vale do Anhangabaú - e Rui Galvão, que há anos pinta a entrada do túnel que liga a Avenida Doutor Arnaldo à Avenida Paulista.

A maior parte dos seus trabalhos retrata a São Paulo da primeira metade do século passado. “A ideia é resgatar um pouco da memória que se perdeu. Criamos portais para uma cidade que não existe mais”, diz o artista. “Queremos despertar a noção da importância do patrimônio histórico nas pessoas.”
A trajetória de Kobra começou aos 13 anos, quando ele usava sprays para pichar muros. Pouco tempo depois, os traços disformes deram lugar aos desenhos do grafite. Atualmente, ele trabalha criando murais, que podem ser apreciados em toda a capital paulista.

Desenhos gigantes, como o situado na Avenida 23 de Maio, próximo ao Viaduto Tutoia, levam entre 10 e 30 dias para ficar prontos. O mural retrata diversas cenas de São Paulo na década de 1920.
Ao todo, 12 artistas trabalham com Kobra em seu estúdio. “Não tenho auxiliares. Só trabalho com artistas, que são supertalentosos.” Segundo o muralista, 90% dos seus trabalhos na rua são feitos sem patrocínio. A verba para bancar essas obras vem de trabalhos encomendados ao estúdio. “Quando recebo o pagamento de um cliente, separo parte do dinheiro para os murais”, diz. “Faço por amor à cidade.”