Uma de minhas maiores honras é ser professor.
Este é um de meus maiores orgulhos.
As aulas começam a recomeçar. Meus filhos vão à escola ao encontro de seus professores. Filhos de outros pais virão ao meu encontro em minha sala de aula.
Muitos falarão das dádivas, da magia, do sacerdócio do profissional docente.
Concordo com os elogios e com as distinções. São justas!
Mas, lamento afirmar: em especial na Educação Básica, somos uma categoria essencial, porém em extinção.
Como os dinossauros, se nada for feito, seremos dizimados.
Sobre nossas cabeças há décadas caem asteróides e meteoros de desvalorização da carreira do magistério de nossa educação infantil, de nosso ensino fundamental, de nosso ensino médio.
A imprensa noticiou semana passada: o último Censo da Educação Superior do MEC mostrou que em 4 anos houve uma queda no total de formados nas licenciaturas, cursos estes que formam professores de Português, Inglês, Espanhol, Matemática, Física, História, Geografia, Química, Biologia, entre outros.
Ai vai um dado em muito preocupante: em 2005 o total de formados nos cursos de licenciatura em todo o país foi de 77 mil estudantes. Já em 2009 este número foi de 64 mil.
Detalhe fundamental é que entre 2005 e 2009 o total de graduados em todo o ensino superior brasileiro, nas mais diversas áreas, pulou de 717 mil para 826 mil profissionais.
Segue outro dado motivo de alerta ultra vermelho: caiu pela metade o número de alunos que se formaram em Pedagogia e no Curso Normal Superior, aquele que gradua professores para as séries iniciais da Educação Básica. A diferença é absurda, pois se em 2005 um número de 113 mil professores se formaram nestes cursos, em 2009 o Brasil contabilizou somente 52 mil professores graduados nestas opções.
O porquê desta diáspora, deste êxodo, desta fuga de talentos de nossas salas de aula todos nós sabemos. Só os cínicos se atrevem a afirmar desconhecê-lo.
Trata-se de um composto de salários aviltantes, medíocres, vergonhosos, desumanos.
Condições de trabalho insalubres e indignas.
Inexistência de perspectiva profissional de longo prazo.
Como resultado nefasto, temos o desrespeito à figura do professor por pais, alunos e sociedade. Mestres e mestras agredidos nas escolas, estressados, doentes, acuados pela violência física e simbólica que encontram nas comunidades.
Como resolver este problema imenso também já sabemos. Só os descarados ousam propor inovações ou soluções de curto prazo.
Precisamos pagar melhores salários, valorizar a carreira do magistério, equipar as escolas, envolver pais e alunos.
O Brasil está fazendo esta lição de casa?
Nosso estado de Alagoas está fazendo esta lição de casa?
Como maus alunos, desconfio que ainda não.
Mas sendo educar um ato de afeto, de compreensão e de esperança, confio que ainda temos tempo para aprender, para educar, e para transformar esta realidade iletrada, desrespeitosa e infeliz.
PS: a reportagem abaixo do Fantástico (TV Globo) é de julho de 2010.
Mas como a realidade pouco mudou, continua atual!
Recomendo!