Era um senhorinho muito “safadoso”.

Morava no Rio Novo. Seu nome, Norberto, ou Seu “Beto Galego”.

Sua casa era como um sítio. Bicho de toda sorte e espécie. Tinha sido “mestre de obras” no Estado, do governo Arnon de Mello ao governo Guilherme Palmeira. Juntara um dinheirinho.

Vivia cercado de cachorro, gato, rolinha “fogo apagou”, leitões, um cavalo quarto de milha sem dente, uma vaquinha cansada e uma cabritinha novinha, malhada e cheia de leite a quem ele, carinhosamente, batizou de “Santinha”.

Ah, e aos 89 anos, dividia sua vidinha ao lado da Genoveva, sua “Nega Véia”.

Só que Genoveva, digamos assim, estava “saciada” há uns 30 anos. E Beto Galego era um “fogo” só. Embora suas “partes fogosas” já estivessem, há muito, aposentadas e molengas também, não desistia nunca.

Ele bem que tentava, mas Genoveva se esquivava, sempre.

Começo do mês, data de ir ao banco sacar a aposentadoria, era direto comprar a pílula azul. Tomava duas de Viagra de uma vez, sob o acompanhamento da caninha “de Lei”.

Sua cara ficava igual a do touro do “Chicago Bulls”. Ia correndo para casa, mão no cinturão.
Porém sem o chamego da Nega, evangélica, puritana, recatada e a cara da vovó da aveia “Quaker”, nada de nada “subir”. Era só chateação e vergonha.

E o consumo do “goró” era proporcional à “ardência” do Seu Beto, se assim podemos dizer. Quanto mais azeitado na cachaça, mais o Viagra ameaçava fazer efeito. Só que Genoveva, sempre, fazia nada se “elevar”.

Pois bem, na quinta passada Seu Beto Galego foi ao Centro. Dia de pagamento. Só sacava na boca do caixa. Fila enorme no Banco do Brasil do Livramento. Lá estava Seu Beto, já tramando a azaração posterior na Nega em casa.

Saiu de lá já tardinha. Dinheiro no bolso. Na primeira farmácia, o comprimido santo. Tomou logo três. Ficou roxo na hora, esfumaçava pelas ventas!

Quando o balconista tentou chamar o Samu, ele saiu correndo rua do Comércio afora.

Quase escalou o Lobão Barreto pela fachada, quem nem Spiderman. Lá em cima, ao som de banda e sob a paisagem da vista panorâmica, encheu “o caneco” com vontade. Dançou, cantou e entornou uns 2 litros de Montilla.

Estava louco!

Umas 9 da noite, pegou o ônibus, já trôpego. Quando chegou no Rio Novo, eis que o inesperado aconteceu: o apagão deixara tudo um breu só. Caminhou torto, biritadíssimo, quente e pronto para “judiar” muito da Genoveva.

Aquele seria o dia de paixão sob a luz da lua!

Chegou em casa, abriu a porta. Troncho de bêbado, nem fechou mais. Tudo pacato. Ele não sabia, mas a “Nega” estava no culto e o pastor, com medo de assalto, não deixou ninguém sair. Só liberaria os fiéis quando chegasse energia.

Esperançoso por um milagre, deitou na cama, sabe-se lá como conseguiu achar o quarto.
Ato contínuo, arreou as calças... E só chamava a “Neguinha”.

– Vem cá “Vévinha”!

Tudo escuro. Beto só via as estrelas e sentia um “queimor” por dentro, que nem vulcão.
– Vem logo Nega!!!!.

Sonhava com “sexo selvagem”, como nos bons tempos do “painho Mossoró”.

Foi quando escutou uns sons se chegando na cama.

Era a Nega?

Sem luz, nada dava para ver...

Fechou os olhos... e sentiu uma língua quentinha, molhadinha, ligeirinha, melar-lhe bem “aquilo”.... Hummmmmmmmm! Hummmmmmmmm! Que delícia!

Até que enfim a Genoveva despertara para a vida.

Foi aos céus.

“Bebo” cego, sob o estímulo que há décadas não sentia provocado por uma linguinha calorosa, libertina e muuuito ágil, ressalte-se, não deu outra.

Feito comprovado para o medicamento milagroso! Tudo subiu!

Ele só falava mansinho, sob a penumbra do quarto sem luz de lâmpada:

– Vai Neguinha, que boquinhaaaaaaaaa... Aiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaiaiai!!!

E, em sua mente, via Genoveva aos 15 aninhos, quando começaram a namorar no sítio lá em Santana do Ipanema.

Não tinha como dar errado. Meio tonto, percebeu que o lambido gostoso fazia efeito. E que efeito! Estava pronto para a guerra! Agora era “correr para o abraço”.

Foi ali mesmo o cenário do amor. Agarrou aquele ser por trás e “mandou ver”, com força.
Teria sido o apagão o responsável pelo fogo da Neguinha?

Eita Ceal arretada!

Eletrobrás, você é demais, pensou Norberto!

Só ouvia um grunhido ao “apertar” a fêmea. Ela devia estar gostando, era sussuro de prazer, a “crentinha” era devassa, sabia!

Era ele “espremendo” a bichinha e ela “rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff!!!!!

E com três Viagras e duas Montillas, fora as décadas de atraso, tome “rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff, rrrunffff!!!!!

Após o amor fenomenal, dormiu agarrado à amada, acariciando seus pelos macios, fungando em seu cangote!

Umas 4 da manhã, acordou. Ligou o ventilador e sentiu o ventinho. Sim, acabara o apagão. Colocou o dedo na parede para acender a luz. Sentiu um cheirinho “diferente”.

Deu um “clic!” e o quarto se alumiou.

E ao olhar para a amada, ainda meio tonto, percebeu o que acontecera:

Seu Beto Galego tinha “se acasalado” com Santinha, cabritinha dengosa e sem vergonha.
Que fazer?

Era o amor.

Quando Genoveva chegou, amanhecendo, ele já tinha limpado, perfumado o quarto, e tirado a “amante” da cama. A Nega de nada desconfiou.

Só uma coisa ela passou a estranhar, e muito!

Agora seu Beto Galego resistia em assar Santinha no Natal.

Para a cabrita, a partir de então, era só ração de primeira e veterinário de criador rico.
Banho só com Protex Ultra e shampoo especial.

O marido construiu um cercado vip para a bicha, com uma casinha de luxo dentro. E dentro da casinha mandou botar espelho no teto e ar condicionado split. Até cama “king size” instalou para o animal.

E todo dia de pagamento, ele ia ao banco e voltava correndo para casa. Passava horas lá dentro, trancando com o caprino fêmea.

Na sacola, uns “remédios” para o coração e uns litros de “biotônico”, desculpava-se o maridão.
Dizia que ficava lá tirando leite para ele. Leite que era sua fonte de juventude.