Em dezembro de 1999 foi perpetrado “o golpe das armas”, que lesou o Estado de Alagoas em 1 milhão de dólares – que foram rateados com a máfia.

O Estado pagou adiantado e perdeu tudo; as armas nunca foram entregues porque a firma contratada é fantasma.

Eu tive acesso à cópia do inquérito que apurou o golpe e vou reproduzir a cronologia do crime. Foi assim:

1) Dezembro de 1999 o então secretário de Defesa Social, Edmilson Miranda, pediu autorização ao governador Ronaldo Lessa para assinar o contrato de compra de armas com a firma Franchi S/A, que se apresentou como representante da Beretta – que é uma fábrica italiana de armas. O secretário foi autorizado a fechar o negócio no mesmo dia em que pediu autorização.

2) Fuzis, coletes a prova de balas, munição e 20 metralhadoras do tipo HK para a Polícia Civil – que o Exército vetou a compra sob a alegação de que, pelo contingente que tem, a Polícia Civil alagoana já possuia metralhadora demais.

3) Mas, o documento do Exército vetando a compra das 20 metralhadoras HK foi falsificado e o que era proibido se tornou permitido. Ou seja: inseriram as metralhadoras vetadas no negócio.

4) Depois de conduzir toda a negociação com a Franchi S/A e deixar o cheque no valor da compra ( 1 milhão de dólares) pronto para ser assinado, o secretário Edmilson Miranda pediu demissão.

5) Assumiu o delegado Mário Pedro, que caiu na esparrela e assinou o cheque confiando em Edmilson Miranda. Máio Pedro pagou adiantado. A firma Franchi SA recebeu o dinheiro e nunca entregou a encomenda.

6) Descobriu-se que a verdadeira representante da fábrica Beretta é a firma Franchi SPA, com sede na cidade italiana de Nápoles.

7) Descobriu-se que a firma Franchi S/A, com a qual o governo de Alagoas fechou o negócio, forneceu endereço fictício no Uruguai. Ou seja: a firma não existe.

8) A fábrica italiana Beretta informou por certidão que não tinha fechado nenhum negócio com o governo alagoano. Logo, não poderia lhe fornecer as armas.

Gente! Isto é Alagoas. De 1999 até 2011 são doze anos do “golpe das armas” e, pelo que se deduz, a única autoridade maior que corre o risco de punição é exatamente o delegado Mário Pedro – que não entabulou nenhum contrata para a compra das armas e seu único erro foi confiar em quem não merecia confiança.

Trocando em miúdos: a única autoridade que corre o risco de punição é exatamente o inocente.

Isto é Alagoas.