Não precisa ser profeta. Nem adivinho. Muito menos vidente.
E depois culpar São Pedro é evasiva de gestor hipócrita, insensível, canalha e covarde em simultâneo.
Basta circular pela nossa capital Maceió ou por algumas cidades alagoanas para prever, como 101% de probabilidade de acerto: caso chova um pouco mais do que a média em qualquer mês do ano, viveremos (novamente) uma tragédia talvez até superior à vivenciada meses atrás em nosso estado.
Ou semelhante à fluminense, ou parecida à paulista, recém ocorridas e ainda doídas neste janeiro de 2011.
Todas antes, com agonia lancinante, experimentadas em 2010, 2009, 2008, 2007, 1986, 1963... ad infinitum ao contrário, desde Cabral, desde os tupinambás.
Em nosso inverno de junho, então, imaginem!
De volta para o futuro, vamos às manchetes:
- Barreira desaba em Bebedouro...
- Salgadinho transborda e inunda casas em Jaraguá...
- Enchente destrói cidades da zona da mata...
- População abandona grota alagada no Jacintinho...
- Chuva causa engarrafamento gigante no Centro...
E, para além das manchetes, haja desculpas indecentes de governador, prefeito, secretário e “técnico” (?) da defesa civil:
- Choveu Y% a mais do que o normal para esta época do ano...
- A população “insiste” (!!!) em habitar zonas de risco...
- Vamos investir R$ X mil em obras de escoamento, drenagem e contenção de encostas...
Enquanto isso, incontáveis mortos, inúmeros feridos, casas e sonhos destroçados, vidas ao relento. Choro e desilusão. Existências pelo ralo.
Encharcados de vergonha, prosseguimos nesta sina.
E, a posteriori, montanha de donativos aguardando o próximo incêndio ou incendiário, deitada no berço esplêndido da preguiça, da inércia e do descompromisso de nossos gestores públicos.
Basta de hipocrisia!
Os governantes persistem em brincar de gerir. Parecem não sair às ruas, não olhar pelas janelas de seus automóveis oficiais.
Insultam nossa inteligência e cidadania com a ausência de ações preventivas e estruturantes capazes de nos livrar das cheias, das águas de rios imundos, carregadas de urina de rato, deslizantes nos asfaltos por vezes superfaturados pelas administrações “obreiras”.
Um abraço solidário ao povo de Rio Largo, Murici, Branquinha, São José da Lage, Santana do Mundau, Quebrangulo...
Que todos, unidos aos irmãos da comunidade do Mutange, da Grota do Rafael, do Bolão, do Flechal de Baixo... aliem-se à legião de desafortunados moradores da rua Miguel Palmeira, no Farol...
E façam uma “revolução”, nas urnas, pelo voto direto e democrático, destituindo os patifes mentirosos e omissos que nos governam do conforto seco e quentinho dos gabinetes refrigerados, das Ponta Verdes e dos Aldebarans da vida.
Triste, úmida, alagadiça.
Indigna vida de Alagoas!