Tão lamentavelmente espantosa quanto a notícia de que Alagoas é líder nacional de homicídios como revelou o 4º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – nosso estado foi o campeão registrando 63,3 homicídios por 100 mil habitantes – é a completa apatia latente e manifesta em nossos governantes e em nossa sociedade diante desta macabra estatística.
Assistimos, face a estes indicadores da desonra, a um incômodo, vulgar e desdenhoso silêncio por parte de nosso governo “do Bem”.
Entidades da sociedade civil, instituições de ensino, religiosas, comunitárias, salvo honrosas exceções neste rol de organismos, também ficaram mudas.
Ninguém saiu às ruas, ninguém se mostrou estupefato.
Nossa impassibilidade, como que feição de uma derrota social imensurável, foi e é tão assombrosa quanto nosso próprio assombro.
Porque somos primeiros colocados em mortes?
Simples: porque combinamos exclusão social e condições e miserabilidade com impunidade e injustiça, com corrupção ativa ou passiva, com desprezo para com a educação e com escárnio para com o ser humano.
A Vida em Alagoas vale pouco. Pouquíssimo. Não somente na mão de homicidas, mas também pelas mãos de negligentes que deveriam dar exemplo.
Mata-se por muito pouco, seja por banditismo, seja por mando coronelista, seja por desmando estatal.
Reprime-se quase nada, seja por falência da máquina pública, seja por covardia histórica das gestões.
Sacrifica-se a maioria, por ausência de pulso, de vontade política e de "vergonha na cara".
Reverter este quadro é possível. Sim, é possível.
Caso percamos esta esperança, é melhor entregar nosso estado, de uma vez por todas, aos bandidos e aos assassinos que nos impõe um medo cotidiano e fluído.
E o primeiro passo nesta luta contra a mortandade vexatória e forçada de nossa gente é aniquilarmos a indiferença, a insensibilidade e a frieza com que recebemos a triste nova revelada pelo 4º Anuário.
Caso continuemos a somente contar (e pouco lamentar, e pouco agir para coibir) os tombados nesta guerrilha urbana de Alagoas, teremos barricadas de cadáveres nas ruas.
E não alcançaremos a cultura de paz que tanto queremos.
Eu estou indignado com esta estatística e envergonhado por ela ser um retrato atual de Alagoas.
Conclamo todos a se indignarem também.
Juntas, nossas indignações coletivas podem ser uma primeira iniciativa rumo a um sonoro, necessário e há muito inadiável BASTA DE VIOLÊNCIA!