O cenário para a cobertura midiática mundial é o carioca. Mas neste outrora Paraíso das Alagoas que já foi Maceió também temos nossas vilas Cruzeiro e nossos complexos do Alemão.

Há regiões na periferia de nossa capital, entre favelas e grotas, que até os policiais do BOPE e da Rádio Patrulha, alguns dos mais aguerridos e bem preparados de Alagoas, têm receio de entrar em número reduzido.

Em nossa área nobre há endereços que dão guarida para o tráfico, o roubo e para outros delitos, debaixo dos narizes de nossa classe média.

Sim, não se trata de alarmismo retórico. Maceió, hoje, é uma cidade infelizmente sitiada por criminosos. É triste, é lamentável, mas é a realidade!

Passear por nossas ruas, visitar nossos parentes e amigos, sair ao trabalho, freqüentar um restaurante, ir a uma agência bancária, andar de carro ou, o mais crítico, de ônibus... Há muito estas são situações e atividades de risco.

Sem contar as zonas de medo e terror que são os bairros nos quais a população de outras regiões da cidade sequer se atreve a circular por pavor de assaltos ou fobia de toda a sorte de violência.

Ou ainda as comunidades nas quais os moradores residentes têm medo de sobreviver, ameaçados com a lei da bala e do silêncio, na corda bamba, sob a mira de bandidos impiedosos, livres pela omissão estatal.

Mas ora, se temos nossas vilas Cruzeiro e nossos complexos do Alemão, por que o governo de Alagoas não se lança em uma ação de força, de impacto e de resultados concretos contra o crime, dentro da Lei e com coordenação inteligente, sob pleno apoio popular e com forte adesão de suas forças de segurança?

Por que os gestores públicos alagoanos não seguem o exemplo das autoridades fluminenses nesta bem sucedida ação coordenada contra o tráfico no Rio de Janeiro e resolvem, de uma vez por todas, arregaçar as mangas e deixar de blá blá blá?

Porque falta vontade política para estes especialistas em segurança, que estão nos confortos dos seus gabinetes e dos seus ambientes climatizados das Secretarias, cercados de assessores, bajuladores, muitos deles simples servos subservientes.

Porque neles há uma escassa coragem para sair a campo e combater a marginalidade de frente. Porque eles são o exemplo da falta de vigor na gestão de nossa segurança pública.

Porque eles possuem proteção do Estado com guarda-costas para si e seus familiares. Porque eles não andam pela cidade, não vivem como simples mortais alagoanos, não sentem as agruras de caminhar indefeso como civil comum, de ter um filho ou filha, um irmão, uma esposa ou uma mãe aviltada pela covardia de algozes à solta em nossas ruas e a avenidas.

Tenho certeza que o serviço de Inteligência de nossas policias possui estas áreas bem mapeadas. Estou convicto que policiais militares e civis de Alagoas tem condições morais, pulso e coragem para fazer uma “asfixia” verdadeira, e não marqueteira, nestas regiões.

Aposto ainda que nossos policiais estão aptos e dispostos para serem conclamados a uma missão deste tipo, claro que adaptada a nossa realidade e as nossas dimensões.

Mas para isso, é necessário que a cúpula que governa o estado decida.

Mais ainda, é necessário que a cúpula determine. E em especial, é preciso que a gestão apóie, acolha, incentive, invista em gente, em salário, em qualificação, em equipamento e em tecnologia.

E o principal: é indispensável que a cúpula não se AFROUXE!

Uma ação desta – legal, estritamente legal, necessária e eficiente – em nossas áreas hoje dominadas por ladrões, assassinos, traficantes e milicianos teria apoio da sociedade.

Conheço muitos policiais que aguardam este momento.

Conheço e posso afirmar que a maioria, a grande maioria de nossos policiais, está indignada por se ver tolhida da função de proteger nossa sociedade em virtude de políticas equivocadas que mais debatem que atuam, mais planejam que executam.

Peço desculpas por utilizar uma pitada de machismo, mas o faço somente como alegoria e provocação: é necessário honrar as calças que vestimos!

E neste quesito os homens e mulheres do governo do Rio têm dado uma bela lição de brava, essencial, altiva e exemplar “MACHEZA”, de acordo com a Lei e com a força necessária face à periculosidade, ao poder de fogo e incivilidade dos acusados.

E defendendo, de fato e em concretude, a população.

“Macheza”  hoje rara na gestão pública alagoana.