Pela manhã ouvi estupefato alguém dizer no noticiário da televisão: “Por pouco não completamos trinta e duas mortes de moradores de rua em Maceió”...

Ai, égua...

Pronto; trata-se mesmo de um jogo. Foi por pouco, muito pouco mesmo, que não completamos 32 mortes! Passou raspando, mais precisamente, as facadas passaram raspando os órgãos vitais daquele que – para frustração da espetacularização geral – escapou de ser a trigésima segunda vítima fatal graças ao socorro da polícia e do SAMU.

Desculpem-me, mas parece um jogo.

Assisti no Fantástico as cenas que nós aqui, do Cada Minuto, e mais os lojistas que trabalham na Galeria Art Pajuçara, já nos acostumamos a ver diariamente. Quem quiser assistir fica na Rua Jangadeiros Alagoanos, onde funcionou o antigo Othon Pajuçara.

Aliás, o jornalista Wadson Correia, do Cada Minuto, foi o primeiro profissional a denunciar “a pracinha do crack”, com o flagrante dos “freqüentadores” se drogando à luz do dia.

Um deles, que ficou irado, atirou uma pedra contra a janela de vidro no banheiro. E nós somos obrigados a manter com eles uma relação de cordialidade, porque a base deles é vizinha e não adianta a polícia colocá-los para correr porque eles voltam depois.

A base é estratégica, porque a droga é adquirida à 100 metros de distância. E também porque a maioria deles levanta o dinheiro para comprar o “crack” fazendo trabalho de flanelinha na orla., ou praticando furtos e arrombamentos na  vizinhança.

E entre eles tem os que são mais espertos – ou pensam que são – e passam a “fazer avião” , e não prestam contas ou porque fumaram tudo que pegaram para vender, ou porque gastaram o dinheiro apurado.

É isso o que está acontecendo. O resto é espetacularização.